Dia ensolarado
* Por Eduardo Oliveira Freire
- Mãe é só a gente?
- Sim.
- E o pai e a mana?
- Estão em casa. Só a gente
vai para a casa de campo.
- Legal!!! Mas, você não está braba
comigo?
- Não. Você fez alguma coisa de errado?
-Não. A viagem dura quanto tempo mesmo?
- Duas horas.
Sofia viu o filho dormir ao
seu lado. Era um olhar de ternura. Estava cansada, não gostava de dirigir
e principalmente para lugares distantes. Não queria parar, desejava chegar
logo. Chegaram ao entardecer. Ela preparou um lanche bem caprichado
para o filho. Ele estava radiante por estar só com a mãe.
- Mãe, amanhã vou tomar banho de
piscina, andar de bicicleta e andar pela mata.
– Vou fazer tudo isso com você.
Quando o garoto dormiu. A
mãe ligou para a casa:
– Oi amor, como está Aline?
- Tá com febre e muito agitada.
E aí...
- Tudo certo.
- Espero que tudo corra bem...
- Conversamos depois... me deseja
sorte.
- André tá dormindo? Queria falar com o
meu filho...
- Melhor não Rodrigo, deixa tudo como
está.
Foi uma semana maravilhosa para André.
Só fez o que queria. A mãe não colocou nenhum limite. Ele tinha doze anos.
Sofia quando o via nadando e correndo pela mata, ficava admirada. Percebia como
o seu filho crescia, porém ao se lembrar do motivo de estar ali,
sentia-se triste.
– Mãe, que olhar triste é esse?
- Nada filho. É bobagem sua.
- Hoje é domingo, que horas a gente vai
embora.
- Ficaremos até segunda.
- E a escola?
- Não esquenta. Um dia sem ir...
- Tá bom.
Noite. André tomava banho. Sofia ligou
para casa.
- Me deseja sorte. A Aline tá bem?
- Continua muito doentinha... parece
ser emocional.
- Cuida dela. Tudo vai ficar bem.
Ela foi à cozinha. Colocou um sonífero
no refrigerante do filho, começou a chorar, mas, não desistiu do que faria. “É para o bem de todos”. André saiu do
banheiro e foi para a mesa. Alguns minutos, o menino sentiu muito sono e a mãe
o ajudou ir para cama. Sofia pegou uma pequena faca e cortou a garganta do
filho, o sangue jorrou pela cama e na roupa da mãe. Desesperada, urrou como se
tivessem dilacerado o seu ventre. Abraçou o cadáver do filho.
André era um menino cruel. Torturava e
depois matava vários animais de estimação que a família pegava para criar.
Espancava os colegas da escola e da rua. Manipulava todos com sua inteligência
doentia. Os pais procuraram os melhores psicólogos e psiquiatras, contudo,
nenhum tratamento dava jeito na sua essência má. O estopim foi quando ele
violentou a irmã mais nova, que tinha apenas quatro anos.
- Adeus meu filho. Que sua alma
demoníaca encontre salvação. Tenho que crer nisso...
*
Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais
pela Universidade Federal Fluminense, está cursando Pós Graduação em Jornalismo Cultural
na Estácio de Sá e é aspirante a escritor
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