terça-feira, 9 de agosto de 2011







Um mundo sem heróis

* Por Talis Andrade

Nos apreensivos caminhos
tropéis de cavalos na noite
Mensageiros secretos traziam
missivas escritas na trégua dos combates
Pombos-correio cortavam os ares

Banalizadas as viagens
a saudade não tem razão de ser
Jamais se vai longe demais
Permanece-se sempre por perto
o mais distante que se aventure
Há o telefone a voz neutra
os telegramas as palavras frias as frases curtas
As cartas as cartas não existem mais

Ninguém acredita no choroso adeus
dos lenços brancos agitados à beira do cais
Banalizadas as viagens
a saudade não tem razão de ser
No cais as moças das agências de turismo
os guardas aduaneiros os traficantes
os burocratizados sanitaristas
realizam os costumeiros pequenos afazeres
No velho cais embarcamos e desembarcamos
revistados vacinados contra as doenças
do romântico amor o antigo amor suspirado
nos sonetos e carteado
o carteado assinado com beijos de batom
batom vermelho e corações flechados


* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

Um comentário:

  1. O avião tirou muito do charme do adeus, mas o e-mail o enterrou para sempre. Ainda assim, não nos abstemos das dolorosas saudades.

    ResponderExcluir