Francamente!
* Por Mara Narciso
* Por Mara Narciso
"A franqueza não consiste em dizer tudo o que se pensa, mas em pensar tudo o que se diz." (Victor Hugo)
Quanta briga por causa da franqueza! Há os que acham que ser franco é ser verdadeiro, não fazer rodeios para dizer o que é preciso ser dito, é ser direto, e caminhar na sinceridade.
Há os que não suportam a verdade. Preferem enfiar a cabeça no buraco e fingir que nada acontece. Estar alheio é mais cômodo do que enfrentar a realidade. O mundo de sonhos e devaneios é menos desagradável.
No afã de falar o que pensa há quem se arvore de dono da verdade. Na mesma intensidade que quer falar o que julga ser verdadeiro, não quer ouvir as verdades dos outros. Então, se torna um mal-educado, um intolerante, pois a franqueza, sem as regras da polidez, é grosseria. No entanto acha que ninguém o entende. Entendem sim, porém não concordam.
Com receio de ferir, cheio de não me toques, existem pessoas que não sabem falar não. Sofrem, mas escondem o que realmente sentem. Querem dizer não e dizem sim. Escolhem as palavras com cuidado. Seguem a risca o “agrade sempre!” Dizem o que o outro quer ouvir, concordando, e até repetindo as palavras dele. São tidas como simpáticas, boas e educadas, porém, vivem a chorar pelos cantos, nos arrependimentos de ter dito o contrário do que queriam.
“Doa a quem doer, falo tudo o que sinto”, pode dizer alguém imaturo e mais afoito. O pensamento chega e a língua fala. Apenas os muito seguros de si, os psicanalisados, conseguem se utilizar de toda essa coragem e espontaneidade. A impulsividade impera, e tudo que a cabeça pensa a boca apita. E aguenta as consequências.
A insegurança de alguns, a condição de não conseguir se posicionar, o eterno refrão de não poder falar leva gente submissa aos psiquiatras. Passam a vida inteira falando o que não gostariam, o que leva a insatisfação generalizada. Ao mesmo tempo, acontecem insônia e alterações do apetite.
Os senhores de si, geralmente irritados, falam o que querem, mas criam inimizades e com elas precisam conviver. Ferem pessoas, implicam com todos, querem ter razão, impõem seus pontos de vista, não aceitam ser contrariados, e fazem parte do grupo dos “sistemáticos”, aqueles que vieram ao mundo para consertá-lo.
Os falsos bonzinhos passam décadas se fingindo de cordatos, carregando a placa de “só vivo para servir aos outros”, mas ao mesmo tempo carregam o ônus de ser visto como sem personalidade, sem opinião, pois acham o que o outro acha, para não criar polêmicas. Uma simples divergência faz esse pseudo-anjo chorar.
O mal-educado, que quer ganhar a discussão, tem uma lista de inimigos, desafetos e afins. Traz no peito o título de contestador, de dono de personalidade forte, o que já foi chamado de genioso. Acredita que ser franco e verdadeiro é qualidade, mas os seus, agora adversários, acham que um pouco de educação, tolerância e compreensão não fazem mal.
Entre esses dois campos opostos deve haver espaço para a argumentação equilibrada, o posicionamento educado, o opinar sem ferir susceptibilidades, o falar em bases polidas. Assim, enquanto alguns procuram no meio-termo a maneira de falar a verdade sem machucar, outros quebram o decoro e não aceitam uma discussão morna, cheia de rapapés e salamaleques. Partem para o confronto, sem medo de ferir ou ser ferido. Afinal as grandes emoções estão fora do gráfico.
Pensam: ser moderado para quê?
*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”-
Quanta briga por causa da franqueza! Há os que acham que ser franco é ser verdadeiro, não fazer rodeios para dizer o que é preciso ser dito, é ser direto, e caminhar na sinceridade.
Há os que não suportam a verdade. Preferem enfiar a cabeça no buraco e fingir que nada acontece. Estar alheio é mais cômodo do que enfrentar a realidade. O mundo de sonhos e devaneios é menos desagradável.
No afã de falar o que pensa há quem se arvore de dono da verdade. Na mesma intensidade que quer falar o que julga ser verdadeiro, não quer ouvir as verdades dos outros. Então, se torna um mal-educado, um intolerante, pois a franqueza, sem as regras da polidez, é grosseria. No entanto acha que ninguém o entende. Entendem sim, porém não concordam.
Com receio de ferir, cheio de não me toques, existem pessoas que não sabem falar não. Sofrem, mas escondem o que realmente sentem. Querem dizer não e dizem sim. Escolhem as palavras com cuidado. Seguem a risca o “agrade sempre!” Dizem o que o outro quer ouvir, concordando, e até repetindo as palavras dele. São tidas como simpáticas, boas e educadas, porém, vivem a chorar pelos cantos, nos arrependimentos de ter dito o contrário do que queriam.
“Doa a quem doer, falo tudo o que sinto”, pode dizer alguém imaturo e mais afoito. O pensamento chega e a língua fala. Apenas os muito seguros de si, os psicanalisados, conseguem se utilizar de toda essa coragem e espontaneidade. A impulsividade impera, e tudo que a cabeça pensa a boca apita. E aguenta as consequências.
A insegurança de alguns, a condição de não conseguir se posicionar, o eterno refrão de não poder falar leva gente submissa aos psiquiatras. Passam a vida inteira falando o que não gostariam, o que leva a insatisfação generalizada. Ao mesmo tempo, acontecem insônia e alterações do apetite.
Os senhores de si, geralmente irritados, falam o que querem, mas criam inimizades e com elas precisam conviver. Ferem pessoas, implicam com todos, querem ter razão, impõem seus pontos de vista, não aceitam ser contrariados, e fazem parte do grupo dos “sistemáticos”, aqueles que vieram ao mundo para consertá-lo.
Os falsos bonzinhos passam décadas se fingindo de cordatos, carregando a placa de “só vivo para servir aos outros”, mas ao mesmo tempo carregam o ônus de ser visto como sem personalidade, sem opinião, pois acham o que o outro acha, para não criar polêmicas. Uma simples divergência faz esse pseudo-anjo chorar.
O mal-educado, que quer ganhar a discussão, tem uma lista de inimigos, desafetos e afins. Traz no peito o título de contestador, de dono de personalidade forte, o que já foi chamado de genioso. Acredita que ser franco e verdadeiro é qualidade, mas os seus, agora adversários, acham que um pouco de educação, tolerância e compreensão não fazem mal.
Entre esses dois campos opostos deve haver espaço para a argumentação equilibrada, o posicionamento educado, o opinar sem ferir susceptibilidades, o falar em bases polidas. Assim, enquanto alguns procuram no meio-termo a maneira de falar a verdade sem machucar, outros quebram o decoro e não aceitam uma discussão morna, cheia de rapapés e salamaleques. Partem para o confronto, sem medo de ferir ou ser ferido. Afinal as grandes emoções estão fora do gráfico.
Pensam: ser moderado para quê?
*Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia Feminina de Letras de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”-
Há uma coisa sobre a qual tenho opinião muito bem formada, e todos hão de concordar comigo: está ótimo esse texto. Um abraço, Mara.
ResponderExcluirUma opinião firmada que me deixa lisonjeada, Marcelo. Obrigada!
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