quarta-feira, 10 de agosto de 2011



Elogios



* Por Fabiana Bórgia

Lembro de alguns elogios que recebi, e que nunca vou esquecer. Um foi de alguém que eu estava apaixonada, quando ele comentou comigo que tem curiosidade de me ver daqui a muitos anos, bem velhinha.
Acredito que poucas mulheres levariam isso como elogio. Mas eu sim. Além de original, entendi que é assim com o amor. A gente quer encontrar esta pessoa daqui a dois, dez, vinte anos e ver em quem ela se transformou.
Outro elogio muito bom veio de um amigo. Amigo mesmo. Destes que você quer bem para o resto da vida. Isso após nossas longas conversas, sendo que em uma delas eu reclamava que as coisas não aconteciam exatamente do jeito que eu queria. Segue o texto, enviado por e-mail, datado de 11 de abril de 2006:
"Menina, você é mesmo uma mulher especial. Se fosse menos "louca" seria até capaz de me apaixonar por você. O adjetivo "louca" quer significar incontida, sôfrega, inconstante, assombrada pelas muitas encruzilhadas que a vida põe debaixo do teu nariz. Você fareja todas elas e perde as fronteiras. Sim, você é ainda uma mulher sem fronteiras. Parece uma pipa ao vento ao sabor das aragens, mas nem por isto menos desejável. Você é grande demais para um homem com perspectivas imediatas. Você é "funda" demais para quem não sabe nadar nas correntezas caudalosas do espírito. Não dando pé, os parceiros não se atrevem a ir adiante e desistem. Sua pele clara, seus olhos saltitantes que revelam a efervescência da sua alma, sua loirice, seu porte altivo, seu caminhar muito peculiar, seu gosto pela vida, sua imensa curiosidade em relação a ela e seus quadris perfeitos não são suficientes a fazê-los atreverem-se a entrar nessas águas. Querem ficar na margem, na beirada e, de fato, você é quem desiste antes, esta é que é a verdade. Não se aflija, porém."
Na verdade, sou da opinião de que devemos valorizar o que as pessoas têm de bom. Mas continuo pensando que a beleza realmente está nos olhos de quem vê. De qualquer forma, foi ou não um lindo elogio?

• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”

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