segunda-feira, 6 de junho de 2011




A União Brasileira de Escritores em Santa Catarina

• Por Luiz Carlos Amorim


Leio nota no jornal que lança a pergunta: por que a União Brasileira de Escritores/SCS desapareceu do cenário cultural? A mim a resposta parece um tanto óbvia, pois fiz parte da diretoria em 2002 e vi como a entidade funcionava – ou melhor, as pessoas que a dirigiam agiam. Naquele ano foi eleito presidente da UBE/SC o escritor Enéas Athanázio e ele dedicou-se com afinco a deixar a casa em dia, para que então pudesse desempenhar plenamente o seu papel, que é dar apoio aos escritores da terra, sejam eles novos ou não.
Mas apesar do empenho e dos resultados, nem toda a diretoria estava satisfeita, o que fez o Dr. Enéas desistir. Entregou a UBE-SC em dia, mas dali para a frente só foi realizado o encontro de escritores daquele ano, mesmo assim, porque o presidente que se retirou deixou encaminhado.
Para entender o que houve e saber a resposta à pergunta formulada lá no início, vejamos como as coisas se passaram: Em julho de 2002, o Dr. Enéas, então presidente desde janeiro daquele ano da UBE-SC, apresenta seu pedido de renúncia do cargo em caráter definitivo. Ele achou que o resultado conseguido até então, em pouco mais de maio ano de gestão, foi muito pequeno, em proporção ao esforço e trabalho exigidos. A verdade é que ele conseguiu fazer muito, praticamente sozinho, pois parte da diretoria, ou quase toda ela, que deveria trabalhar em conjunto, era composta, na sua quase maioria, de pessoas que apenas falavam muito e bonito, mas fazer, realizar concretamente alguma coisa, nem pensar. Presenciei isso e essa é uma das razões porque também me desliguei da diretoria da União Brasileira de Escritores de Santa Catarina. Vi o presidente trabalhar praticamente sozinho para deixar a casa em ordem – a entidade foi entregue para a diretoria eleita em fins de 2001 com diversos problemas, junto ao Registro Civil, junto à Receita Federal e junto ao Banco do Brasil – e mesmo assim ser criticado duramente por quem não fez absolutamente nada, apesar de alguns se dizerem capazes de conseguirem grandes benefícios para a UBE-SC.
Todos os pontos propostos por ocasião da posse foram executados: foi regularizada a situação com o Registro Civil – a UBE/SC passou a ter CNPJ definitivo e não está mais registrada como empresa. Também a situação com a Receita Federal foi regularizada: as multas e acréscimos decorrentes de atraso no pagamento foram parcelados e havia caixa para pagar as parcelas vincendas depois de julho. E o cadastro no Banco do Brasil foi atualizado, regularizado, uma vez que o registro estava finalmente em dia. E a conta contava com saldo.
Foram conseguidos, com empenho do então presidente, Dr. Enéas Athanázio, cerca de quarenta novos sócios com a anuidade em dia,no período. O site da UBE-SC na internet foi colocado no ar, contendo informações sobre a entidade, sua história e propósitos, mapas de abrangência no Estado e no país, regulamento, edições on-line do informativo em versão integral, notícias recentes e trabalhos de colegas associados – sem despesas para a casa, pois era eu quem atualizava as páginas na grande rede. O jornal da UBE-SC voltou a circular e foram publicadas duas edições, também sem ônus para a casa. Foi reivindicada uma sede própria para a UBE-SC, junto ao Reitor da UFSC, que se mostrou receptivo e os entendimentos foram iniciados, embora não devam ter resultado em nada, pois a entidade parou de funcionar. A Câmara Catarinense do Livro disponibilizou espaço para a participação da UBE-SC na Feira do Livro de Florianópolis, mas a UBE-SC não deve ter ocupado nenhuma vez essa oportunidade.
Então, enquanto do escritor Enéas Athanázio esteve à frente da UBE-SC, muita coisa mudou, a entidade funcionou e cumpriu o seu papel. Mas fazer a casa funcionando plenamente pareceu não agradar a alguns integrantes da diretoria, esses mesmos integrantes ficaram com a responsabilidade de, pelo menos, manter a casa dali em diante. E isso não aconteceu, a UBE-SC foi abandonada.
Por isso, perguntar porque a UBE-SC desapareceu me parece um pouco redundante, até um pouco irônico.

* Escritor

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