O homem da capa vermelha
* Por Talis Andrade
Os homens as mulheres permanecem sentados adorando os espelhos
Lá fora a lua sumida as estrelas os lampiões apagados
Um valete invade o dancing com a dama de ouro
Não se escuta nenhuma música
Não se escuta nenhuma voz
O homem magro e cinzento que paga a festa sente o silêncio
O silencio esconde o inimigo o silêncio afiada adaga
A dama de ouro a única mulher branca a única mulher loura
desliza pelo salão como se levitasse
O homem magro e cinzento que paga a festa
fica a olhar os dois dançarinos
os corpos rodopiando se esfregando um no outro
os corpos rodopiando rodopiando se fundindo um no outro
O homem que paga a festa acompanha os passos da dama de ouro
como se estivesse olhando por trás de uma vidraça
Acompanha os passos da dama de ouro
como se estivesse assistindo um filme mudo
Acompanha a dama de ouro com a preocupação
de quem quer memorizar cada detalhe
da dança envolvente e sensual
O homem que paga a festa a cada gole de uísque
antevê o corpo da dama de ouro lentamente enegrecendo
sem que pudesse socorrê-la
Três soldados saltaram da rua para o bar
O dono do bar tremeu
Solícito e sorridente passou a servir os soldados
que vieram beber conhaque
pacificamente
Uma pancada de ar frio invadiu o bar quando a porta se abriu
para um vulto agasalhado em uma capa vermelha
Não era possível precisar a idade identificar a profissão
conjeturar as intenções
O homem que paga a festa temeu
estivesse na presença de um anjo disfarçado
e gritou para que a dama de ouro parasse de dançar
e gritou para que a noite fosse embora
Os soldados desapareceram na escuridão
e mesmo que tivessem escutado não viriam ajudar
* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).
* Por Talis Andrade
Os homens as mulheres permanecem sentados adorando os espelhos
Lá fora a lua sumida as estrelas os lampiões apagados
Um valete invade o dancing com a dama de ouro
Não se escuta nenhuma música
Não se escuta nenhuma voz
O homem magro e cinzento que paga a festa sente o silêncio
O silencio esconde o inimigo o silêncio afiada adaga
A dama de ouro a única mulher branca a única mulher loura
desliza pelo salão como se levitasse
O homem magro e cinzento que paga a festa
fica a olhar os dois dançarinos
os corpos rodopiando se esfregando um no outro
os corpos rodopiando rodopiando se fundindo um no outro
O homem que paga a festa acompanha os passos da dama de ouro
como se estivesse olhando por trás de uma vidraça
Acompanha os passos da dama de ouro
como se estivesse assistindo um filme mudo
Acompanha a dama de ouro com a preocupação
de quem quer memorizar cada detalhe
da dança envolvente e sensual
O homem que paga a festa a cada gole de uísque
antevê o corpo da dama de ouro lentamente enegrecendo
sem que pudesse socorrê-la
Três soldados saltaram da rua para o bar
O dono do bar tremeu
Solícito e sorridente passou a servir os soldados
que vieram beber conhaque
pacificamente
Uma pancada de ar frio invadiu o bar quando a porta se abriu
para um vulto agasalhado em uma capa vermelha
Não era possível precisar a idade identificar a profissão
conjeturar as intenções
O homem que paga a festa temeu
estivesse na presença de um anjo disfarçado
e gritou para que a dama de ouro parasse de dançar
e gritou para que a noite fosse embora
Os soldados desapareceram na escuridão
e mesmo que tivessem escutado não viriam ajudar
* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).
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