sexta-feira, 24 de junho de 2011







Borbulhante



* Por Flora Figueiredo

Guardei meu poema dentro de uma bolha de sabão.
Como não ficar seduzida
Pela circunferência lisa e transparente,
Onde o arco-íris passeia docemente,
E morre de amores pela espuma colorida?

Acomodada na nova moradia,
O poema suspirou e adormeceu.
Quando acordou já não mais me pertencia.

A bolha de sabão se deslocara
E o poema apaixonado que eu criara
Descobriu de repente que era teu.

* Poetisa, cronista, compositora e tradutora, autora de “O trem que traz a noite”, “Chão de vento”, “Calçada de verão”, “Limão Rosa”, “Amor a céu aberto” e “Florescência”; rima, ritmo e bom-humor são características da sua poesia. Deixa evidente sua intimidade com o mundo, abraçando o cotidiano com vitalidade e graça - às vezes romântica, às vezes irreverente e turbulenta. Sempre dentro de uma linguagem concisa e simples, plena de sutileza verbal, seus poemas são como um mergulho profundo nas águas da vida.

Um comentário:

  1. Seu poema me trouxe lindas
    lembranças da infância.
    Costumava imaginar até onde minhas
    bolhas de sabão poderiam ir...e
    de repente me dava conta que sentia
    saudades delas.
    Abraços Flora

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