quarta-feira, 15 de junho de 2011







Boa viagem, meninos!



* Por Mara Narciso

Prestigiar meu filho Fernando Narciso, que faria uma figuração como garçom no quadro do faroeste e a minha amiga Felicidade Tupinambá que promovia o seu décimo Showçaite já seriam dois grandes motivos para fazer essa viagem, mas havia muito mais. Na platéia ansiosa e festiva, muita gente conhecida, e no palco mais de cem pessoas, de todas as idades contracenariam. Uns já tinham se apresentado em público, mas a maioria não. O sonho idealizado e concretizado por Felicidade Tupinambá, com roteiro de Jorge Silveira, direção e concepção de Paulo di Tarso aconteceu no dia 11 de junho, tendo como objetivo contar a história do cinema.
Com as limitações admitidas pela promotora, mas também com o seu entusiasmo e o comprometimento do elenco, o mergulho no mundo dos Irmãos Lumière, que fizeram as imagens se movimentar foi mágico como o próprio cinema. A música e a caracterização dos personagens não deixavam dúvida de qual filme era retratado. Sem intenção de seguir uma cronologia, e querendo apenas divertir, o Showçaite fez a plateia vibrar, cantar, sorrir e chorar, tal qual a sétima arte faz.
Ícones do cinema desfilaram com a força de serem ícones, na pele de amadores, pessoas que ultrapassaram seus limites, incorporaram personagens e deram mais do que podiam. Ao se apaixonarem pelo que estavam fazendo, se emocionaram, e envolveram o público.
O teatro do Centro Cultural Hermes de Paula não estava lotado, mas deveria estar para aplaudir pessoas comuns, que se travestiram de personagens e atores como Cleópatra, Darth Vader, Indiana Jones, Branca de Neve, Dorothy, Elvis Presley, Marylin Monroe, John Wayne e Al Jolson.
Poucas falhas aconteceram, considerando-se a despretensão e o efeito obtido. Utilizando parcos recursos em cenário, o grande espetáculo trouxe não apenas a ilusão, mas a emoção de viver cada momento. A resposta da plateia revelou o talento dos profissionais envolvidos.
O Canal 20 registrou para a posteridade, uma coisa boa, pois seria um desperdício de força para brindar um auditório apenas, quando poderá envolver vários. Um narrador dava um alerta sobre as atrações, embora desnecessário na maior parte do show. Os cantores e a música tomaram conta do ambiente, onde filmes imortais tiveram aparição marcante, absorvendo o público feito máquina do tempo, num diálogo entre elenco e platéia.
Sem querer desmerecer nenhum solo, destaco a aparição de Márcia Vieira, corajosa e desvestida de vampira, deitada num caixão para homenagear o cinema nacional, falou de Zé do Caixão que unia terror e sensualidade; uma Carlota Joaquina, representada por Lara Araújo, num sotaque português irrepreensível, fez rir numa fala sobre o pau-brasil e Pamella Scaranzi como Virgínia Lane e o seu Sassaricando, em cima de um salto agulha, sambou com graça. Três maravilhas!
O Mágico de Oz representou filmes para crianças, que subiram ao palco para brincar e entreter. O Brasil entrou em cena após Carmen Miranda se apresentar, fazendo um elo entre o cinema americano e o cinema nacional.
Além dos narradores, sós no palco, tais como os cantores, nove filmes foram representados, contando em uma hora e vinte minutos a história do cinema mundial, sem se esquecer do nosso esplendoroso cinema nacional, onde o Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, berrou os seus palavrões. Surpresas aconteceram aos montes, pegando o público desprevenido, como a presença de Gabriel Sanches como Vadinho, de “Dona Flor e seus dois maridos”, nu em pelo, belo e tão a vontade que parecia ter nascido assim.
Nada foi previsível em cena, nada, e as pessoas sentiram-se transportadas para o mundo do cinema, numa viagem arrebatadora, com visível mudança de humor para o riso, que inundou os presentes.
Ano que vem tem mais!

* Médica endocrinologista, jornalista profissional, acadêmica da Academia Feminina de Letras de Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”.

Um comentário:

  1. Marcelo Sguassábia deixou este comentário no Facebook:
    "Mara, seu texto no Líterário foi na verdade um ingresso para o espetáculo. Parabéns".
    Obrigada, Marcelo!

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