Cantar é rezar duas vezes
* Por Arita Damasceno Pettená
Em 6 de janeiro, num Dia de Reis, — e isto foi precisamente há 60 anos — um grupo de homens jovens se reunia para realizar um sonho de há muito acalentado pelos vãos do espírito: presentear Campinas, a sua Campinas, com um conjunto de vozes masculinas (barítonos, baixos, tenores) dentro de um coral que estivesse à altura da terra conhecida como a capital da cultura.
E foi assim que surgiu o Pio XI, destinado ao sucesso desde suas primeiras apresentações até os dias de hoje, a arrancar aplausos — e muitas vezes em pé — por arrebatar almas sensíveis sempre sedentas do belo, demonstrando, em cada espetáculo, que não mais são os meninos de ontem com mania de sonhar, mas verdadeiros luminares de uma arte que, em sendo a manifestação primeira pelo grito primeiro de vida, há de se destacar sempre entre as demais.
Toque mágico a despertar a sensibilidade do ser humano, em todos os instantes de sua trajetória, sobretudo nos momentos onde na gangorra brincam de sobe-e-desce a tristeza e a alegria, aos corais cabe o mistério de nos elevar até o Alto com um repertório ora místico, onde Deus se faz presente na pauta sussurrante de nossa emoção maior; ora despertando dentro de cada um de nós uma saudade dorida, aquela sensação que Carlos Gomes sentiu longe de sua pátria, de sua gente, de sua Campinas; ora ao compasso de instrumentos que hão de ser quase sempre o pano de fundo de um palco iluminado pelo conjunto que se faz harmônico tão afinados em suas notas que vão de “dó” até o dar o máximo de “si” mesmos pelo respeito à platéia sempre presente em seus aplaudidos encontros.
Gente que veio dos mais diferentes lugares, exercendo as profissões mais diversas, unem-se todos, semanalmente, para ensaios onde a cordialidade, o respeito pelo outro, o amar ao próximo, fazem do grupo uma ciranda onde, de mãos dadas, cultuam as maravilhas do Senhor, as belezas deste chão muito nosso, o amor em todas as suas dimensões.
Sim, um amor tão grande, tão lição de vida que, extrapolando o círculo mágico da arte sempre sob a batuta do magistral maestro Prof. Osvaldo Antônio Urban, cidadão de uma cultura invejável, descem do palco esses meninos, hoje de cabelos brancos, para cumprir o que Paulo deixou na Bíblia, livro maior da cristandade: “Sem caridade não há salvação”.
Ei-los, pois, em paralelo, em missão outra que merece nosso apoio. E em pé.
Sensibilizados pelo drama das crianças abandonadas, criaram esses servos do Senhor uma entidade, verdadeiro paradigma entre as demais: Associação dos Pais Adotivos. É um “não” à comercialização de crianças indefesas, rejeitadas quase sempre pelos próprios pais. É um “sim” aos preceitos divinos quando é o próprio Cristo que nos fala “Deixai vir a mim as criancinhas que delas é o reino dos céus”.
• Arita Damasceno Pettená é membro da Academia Campinense de Letras e da Academia Campineira de Letras e Artes
Em 6 de janeiro, num Dia de Reis, — e isto foi precisamente há 60 anos — um grupo de homens jovens se reunia para realizar um sonho de há muito acalentado pelos vãos do espírito: presentear Campinas, a sua Campinas, com um conjunto de vozes masculinas (barítonos, baixos, tenores) dentro de um coral que estivesse à altura da terra conhecida como a capital da cultura.
E foi assim que surgiu o Pio XI, destinado ao sucesso desde suas primeiras apresentações até os dias de hoje, a arrancar aplausos — e muitas vezes em pé — por arrebatar almas sensíveis sempre sedentas do belo, demonstrando, em cada espetáculo, que não mais são os meninos de ontem com mania de sonhar, mas verdadeiros luminares de uma arte que, em sendo a manifestação primeira pelo grito primeiro de vida, há de se destacar sempre entre as demais.
Toque mágico a despertar a sensibilidade do ser humano, em todos os instantes de sua trajetória, sobretudo nos momentos onde na gangorra brincam de sobe-e-desce a tristeza e a alegria, aos corais cabe o mistério de nos elevar até o Alto com um repertório ora místico, onde Deus se faz presente na pauta sussurrante de nossa emoção maior; ora despertando dentro de cada um de nós uma saudade dorida, aquela sensação que Carlos Gomes sentiu longe de sua pátria, de sua gente, de sua Campinas; ora ao compasso de instrumentos que hão de ser quase sempre o pano de fundo de um palco iluminado pelo conjunto que se faz harmônico tão afinados em suas notas que vão de “dó” até o dar o máximo de “si” mesmos pelo respeito à platéia sempre presente em seus aplaudidos encontros.
Gente que veio dos mais diferentes lugares, exercendo as profissões mais diversas, unem-se todos, semanalmente, para ensaios onde a cordialidade, o respeito pelo outro, o amar ao próximo, fazem do grupo uma ciranda onde, de mãos dadas, cultuam as maravilhas do Senhor, as belezas deste chão muito nosso, o amor em todas as suas dimensões.
Sim, um amor tão grande, tão lição de vida que, extrapolando o círculo mágico da arte sempre sob a batuta do magistral maestro Prof. Osvaldo Antônio Urban, cidadão de uma cultura invejável, descem do palco esses meninos, hoje de cabelos brancos, para cumprir o que Paulo deixou na Bíblia, livro maior da cristandade: “Sem caridade não há salvação”.
Ei-los, pois, em paralelo, em missão outra que merece nosso apoio. E em pé.
Sensibilizados pelo drama das crianças abandonadas, criaram esses servos do Senhor uma entidade, verdadeiro paradigma entre as demais: Associação dos Pais Adotivos. É um “não” à comercialização de crianças indefesas, rejeitadas quase sempre pelos próprios pais. É um “sim” aos preceitos divinos quando é o próprio Cristo que nos fala “Deixai vir a mim as criancinhas que delas é o reino dos céus”.
• Arita Damasceno Pettená é membro da Academia Campinense de Letras e da Academia Campineira de Letras e Artes
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