terça-feira, 28 de junho de 2011







A multidão

* Por Talis Andrade


Desamparada multidão
Os políticos aparecem
e desaparecem
Têm os que oferecem
pão e circo
e os que aumentam
as promessas
como se fosse possível
realizar uma revolução
com palavras e sangue

A multidão se mutila
nos jogos
pisa e empurra
nas filas
da distribuição frumentícia

Depois que se empanturra
e urra de alegria
se dispersa
se enfurna

A multidão
além dos muros da cidade
invisível e silenciosa
permanece atenta

espalhada por milhares de mocambos
equilibrados um em cima do outro
nos distantes morros

espalhada por milhares de mocambos
suspensos nos ares
nos terrenos alagados
pelos rios e marés

A multidão de repente sozinha
de repente um milhão
passivamente espera
uma nova convocação
para os cantos de servidão


* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

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