domingo, 4 de setembro de 2016

Mulheres: não sejam homens!


* Por Fábio de Lima
  

Pensei de supetão no título desse texto. Mas acredito que se Woody Allen ou Domingos de Oliveira fossem refletir sobre o mesmo tema, eles, com certeza,  vomitariam o mesmo título. O mundo mudou muito, Sr. Fábio de Lima. Não canso de repetir isso para mim mesmo, todos os dias. Algumas coisas mudaram para melhor e outras para pior. Não questionemos os fatos, não agora, caro leitor amigo do Comunique-se. Para pior eu poderia citar um milhão de exemplos. Para melhor eu não me lembro de nada, no exato momento, mas lembraria se o Natal já tivesse chegado. Papai Noel faz a gente enxergar o mundo sempre mais bonito.

Semana retrasada estive comendo uma pizza com 3 amigas. Era véspera de feriado e não tínhamos pressa de chegar em casa. Chovia muito em São Paulo. O trânsito estava todo parado. E a gente jogando conversa fora na mesa de um restaurante. Só eu de homem na mesa. E minhas amigas filosofando sobre namoros e casamentos. Elas dizendo o quanto casamento não presta e todas essas coisas que as mulheres se acostumaram a dizer nos tempos recentes. Atualmente muitas mulheres fogem do casamento assim como o diabo sempre fugiu da cruz.

Eu, perplexo, não queria discordar de minhas amigas. Eu só queria entender o que aconteceu para as pessoas pensarem assim. É óbvio que antigamente a mulher casava por amor e tornava-se, muitas vezes, dependente do marido, infelizmente. Mas as mulheres conseguiram, com o passar dos anos, uma valorização pessoal e profissional que não tinham antigamente – embora merecessem desde sempre. Isso fez que a mulher pensasse na utilidade de um marido como a mesma utilidade de um vibrador, tão somente. A mesma não, o vibrador não ronca nem deixa a tampa do vaso sanitário levantada – portanto, o vibrador é mais útil e melhor comportado. Se eu concordo com essas teorias? Vamos adiante.

Há quem diga que se casamento fosse bom não necessitaria testemunhas para comprovar o fato. Outras pessoas dizem que morar junto basta e toda a liturgia que envolve um casamento em igreja não passa de mera formalidade ou bobagem pura. Olha, veja bem, eu tenho as minhas dúvidas, mas vamos adiante. Namoro também já é visto como algo ultrapassado por muita gente, incluindo muitas das mulheres que conheço. Ficar é tão mais fácil e cômodo. Então, para que ter um compromisso sério com uma pessoa quando se pode ficar com duas ou três ou mais e ser feliz do mesmo jeito – pensam algumas pessoas e, talvez, você pense assim também, caro leitor amigo.

Eu sou um entusiasta e fiel defensor da felicidade. Acredito que o casamento faça parte disso. Mas respeito os que pensam o contrário. No entanto, o que me deixa com uma pulga atrás da orelha é que nossos discursos, a favor ou contra o casamento, estão muito coerentes, muito pragmáticos, muito bem argumentados e, desde que me conheço por gente, felicidade e amor não têm toda essa lógica que cuspimos com palavras. A gente nunca sabe direito por que ama tal pessoa – simplesmente ama-se e pronto. Então, naquela mesa de restaurante, escutando minhas amigas falarem como homens ou, pelo menos, como o pensamento machista que sempre boa parte dos homens defendeu peremptoriamente – fiquei e ainda fico confuso. Não sei onde concordo e onde discordo de tudo isso.

O amor tornou-se um sentimento vingativo nas últimas décadas. Existe até as pessoas que matam e colocam a culpa de sua fúria no amor. Algumas traem e dizem que o fizeram por amor ao próprio namorado (a) ou esposo (a). Perceba, caro leitor amigo, que meu texto de hoje não tem uma coerência entre as idéias, entre os argumentos defendidos ou expostos. Note que eu não sei dizer o que está certo ou errado no amor, nos namoros e, ou nos casamentos. Entenda que essa falta de lógica não é própria de mim, como escritor, nem de você, como leitor. O que está acontecendo aqui tem a ver com o tipo de assunto que estamos a pensar. Eu não tenho respostas convincentes e minhas amigas, sábias, mulheres independentes, bonitas, inteligentes e cultas, também não têm. Você que me lê agora é a favor ou contra o casamento? Vamos adiante e encerremos, em breve.

Mulheres: não sejam homens! pode ser uma crônica ou um livro ou um filme ou tudo isso. Sentimento, seja de amor ou ódio, é algo que o ser humano não entendeu ainda. Talvez por isso o sentimento ainda seja algo tão mágico. Mágico sim. Você não concorda? Vamos adiante. Eu só sei de uma coisa – falando agora como homem e não como um “contador de histórias” – nós homens sempre fomos muito insensíveis e tolos. Mesmo os homens com mais sensibilidade têm uma dificuldade tremenda de dizerem o que verdadeiramente sentem. Portanto, mulheres – minhas amigas ou não – não sigam nosso exemplo.

Mulheres, quando o assunto for amor, sejam como sempre foram. Vocês nunca estiveram erradas. Nós, homens, que sempre fomos tolos ao ponto de achar que amor era sinônimo de feminilidade. Amor é humano e todo ser humano deveria amar do instante que acorda ao instante que dorme. Sem pausas e sem nenhum tipo de porém. Namoro e casamento fazem parte do amor. É bom ou ruim? Não sei. Nem cabe a mim julgar, nem a você e nem a ninguém. Naquele dia, do restaurante, das minhas amigas filósofas, depois que mais ouvi que falei, como sempre, fui embora sonhando com o dia em que homens e mulheres não disputarão nada, mas compartilharão tudo.

* Jornalista e escritor, ou “contador de histórias”, como prefere ser chamado. Está escrevendo seu primeiro romance, DOCE DESESPERO, com publicação (ainda!) em data incerta.



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