domingo, 7 de agosto de 2011



Legenda: Equipe do Sport em 1909, em foto do Jornal Pequeno



Mundo elegante do Recife marcava presença nos jogos

* Por Givanildo Alves

Em que pese o sucesso do jogo Náutico e Sport, marcando a estreia do clube alvirrubro no futebol, este esporte que já cpmeçava a se espalhar pelo Brasil, onde foi introduzido em 1894, segundo refere Tomás Mazzoni em sua "História do Futebol no Brasil", não chegou a se popularizar no Recife até o final do primeiro decênio do século XX. Só quem o praticava eram os súditos de Sua Majestade Britânica, aqui residentes, e os jovens de famílias ricas, muito deles com passagens por colégios da Europa, principalmente da Inglaterra, de quem se dizia ser o país inventor do futebol.
Sem a participação da camada pobre e de rapazes da classe média, por lhe faltarem condições financeiras para aquisição do material esportivo, já que tudo era importado, o futebol manteve-se por longo tempo tímido e vagaroso. As partidas erams empre Spor x Ingleses, estes x Náutico e rubronegros contra alvirrubros. Os encontros mais pareciam sociais que esportivos. terminado o "match", fosse qual fosse o resultado, os jogadores saíam abraçados até o "bufet", bebiam à vontade, cantavam, conversavam e depois se dispersavam. A elite recifense estava sempre presente aos jogos.
Mas mesmo frio e insosso, o novo esporte começava a ganhar bons espaços na imprensa que dava seus primeiros passos na descrição de uma partida de futebol. Jogador era tratado por "senhor" ou "doutor". Sirva-nos como exemplo esse texto sobre o segundo jogo entre Náutico e Sport, em agosto de 1909, noticiado desta maneira pelo Jornal Pequeno, o mais incentivador da prática esportiva no Recife.
"Há muito que não temos um "match" tão ansiosamente esperado e com tamanha concorrência, como o de ontem no "ground" de Santana (local onde hoje funciona o Hiper Bompreço), disputado pelos simpatizados clubes Sport Club e Náutico Capibaribe, entre "teams" brasileiros.
A arquibancada estava totalmente cheia de senhoras e senhoritas que, entusiasmadas pelos clubes que lhes eram simpáticos, davam palmas aos bonitos "shoots" jogados pelos associados dos mesmos. Estacionava no grande largo do "match" crescido número de automóveis.
Às 4 e 25 ouviu-se o apito do "referee", senhor Tonkinson, para o início do "match". O "kick-off" foi dado por um "forward" do "team" do Sport, tomando a bola logo a direção do "goal" do Náutico, onde se conservou todo o tempo. O relógio do "referee" marcava 4 e 55, quando foi dado o descanso de 10 minutos.
Continuou a partida às 5 e 5 sendo o jogo completamente inverso do primeiro; a bola esteve todo o 2º tempo perto do "goal" do Sport. Terminou o "match" às 5 e 40 se não tendo "goal" a registrar de parte a parte. Gostamos imensamente das bonitas "shootadas" dos valentes "full-backs" Manoel Guimarães Júnior e José Maia. Distinguiram-se pelos "driblings" e passes os senhores Américo Silva, Alberto Amorim, Horácio B. da Cunha e João de Amorim Júnior. Saíram-se bem no jogo os senhores Arnaldo Loyo, Luiz Simões, doutor Waldemar Morais, Guilherme Fonseca, Otto Melo, Sebastião Salazar e Antônio P. de Araújo. Os outros jogaram regularmente. Nos lugares dos "goal-keepers", senhores Albérico Loyo e Maximiniano Botelho defendera, bem seus "goals". De parabéns as duas sociedades pelo êxito do "match".

História do Futebol em Pernambuco - Capítulo 5. Diário de Pernambuco, Recife, sexta feira, 07.07.1995.
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* Jornalista

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