sexta-feira, 9 de julho de 2010




As histórias do Duda

* Por Rodrigo Ramazzini



Happy-hour em um bar. Três amigos conversam sobre o ciclo de assuntos masculinos: trabalho, futebol e mulher. Não necessariamente nesta ordem.
- Mas voltando ao assunto...
- Fala...
- Qual mulher? Há! Há! Há!
- Há! Há! Há! Isso mesmo. Vocês viram como é gostosa a nova atendente daquela financeira perto do trabalho.
- Não! Não vi...
- Eu vi! Nossa! Um rico de um bichinho...
- Passei lá em frente outro dia e ela ficou me encarando, com um olhar de sem-vergonha...
- Capaz?
- Arãn.
- Sempre...
- Sempre o que, Mateus? Conheço esse teu sorrisinho irônico...
- Cara! Já notaste que toda vez que tu falas de uma mulher, invariavelmente, ela já deu bola pra ti?
- Não é assim! Nada a ver...
- É, cara! Sempre, meu!
- Nada a ver!
- Pior que o Júlio tem razão Duda...
- Parem de inventar bobagem!
- Mas é sério, cara! Tu sempre conta que a mulher isso, que a mulher aquilo, mas nunca uma história em que te deste mal...
- O Duda faz mais sucesso que os atores da Globo com a mulherada!
- Há! Há! Há!
- Há! Há! Há!
- Há. Há. Há. Digo eu. Vou contar uma então...
- Opa! Silêncio na mesa.
- Conta...
- Vocês conhecem a irmã da Mariana?
- Qual Mariana?
- Aquela loira, que namorou o Christian uma época, eu acho...
- Que Christian?
- Um que tem um Corsa preto...
- Não sei quem é!
- Também, não!
- Enfim, a irmã da Mariana. Ela trabalha em uma loja de cosméticos perto da vidraçaria do Lucianinho...
- E aí?
- Desembucha!
- Bom! Encontrei a gatinha, também, em um bar. Era uma quinta-feira, eu acho. Papo vai, papo vem, cervejinha aqui, cervejinha lá e então dei o bote...
- Tomou um pé-na-bunda?
- O conquistador do século foi rejeitado?
- Posso continuar?
- Tomou ou não tomou um pé-na-bunda? Isso que eu quero saber...
- Calma! Posso terminar a história?
- Pode. Segue...
- Bom! Dei o bote e a gatinha se fez, não quis vir na minha... Conversei mais um pouquinho e fui embora, mas deixei o número do meu telefone para que caso ela mudasse de idéia entrar em contato...
- Capaz que a história não ia ter um final feliz. Agora ele vai contar que a gatinha ligou arrependida, que eles saíram de novo, transaram loucamente dentro do carro e que ela não pára de ligar porque se apaixonou!
- Há! Há! Há! Pior...
- Posso terminar a história?
- Pode!
- Continua Duda...
- No outro dia o meu telefone toca...
- Não falei...
- Posso continuar?
- Continua.
- No outro dia o meu telefone toca. Era a irmã dela, a Mariana, me perguntando se eu não tinha vergonha na cara por dar em cima da irmã dela, que ela sabia que eu dava em cima de todo mundo, coisa e tal. Me encheu o saco!
Segundos de silêncio.
- E aí?
- E aí o quê?
- Termina assim, Duda?
- É... Por quê?
- Que história mais sem graça...
- Pela primeira vez tu te dá mal, mas sei lá...
- Vocês não queriam que eu contasse uma história em que eu me desse mal? Está aí...
- Eu sei, Duda! Mas sei lá... Não tem um final mais emocionante essa história, não?
- Então, eu vou contar a verdade: mesmo com a irmã perturbando, a gatinha ligou arrependida, aí nós saímos, transamos loucamente dentro do carro e agora ela não pára de me ligar porque se apaixonou... Mais uma...
- Há! Há! Há!Eu sabia!
- Esse é o velho Duda! Garçom! Garçom! Traz mais uma cerveja para o nosso amigo conquistador e contador de história aqui, por favor!


* Jornalista

4 comentários:

  1. Conheço alguns tipos assim, Ramazzini. Mas os que fazem sucesso mesmo entre as mulheres são os caladões, os que não contam o que fazem...
    Abração

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  2. Nas mesas dos bares já tem desse tipo de conversa!, rs
    Abração do,
    Calvino

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  3. Obrigado pessoal pela leitura!

    Tenham um ótimo final de semana!

    Aquele abraço!

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  4. Hoje o Literário está um verdadeiro bar. Um alegre e descompromissado e o outro sério, cheio de preocupação, mas ainda assim com momentos de ternura. Os homens, como você bem disse Rodrigo, mudam pouco no repertório padrão.

    Pedro não colocou o Editorial. Teria acontecido alguma coisa?

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