quinta-feira, 29 de julho de 2010




Folha em branco

* Por Pedro J. Bondaczuk

Folha de papel em branco...
Grande tentação!
Convite! Intimação!
Quase uma obrigação
para confidências!

É virgem imaculada
que excita o poeta
e o desafia a possuí-la.

Folha de papel em branco
como a alma de um bebê.

Farei poemas de amor?
De tédio, rancor, saudade?
Escreverei sobre a miséria,
a fome, a dor, a guerra,
a fé, a descrença, a morte,
sobre toda a infâmia da Terra?

A folha de papel
está em branco
como a alma
de um bebê!

Rápido! Presto a escrever!
O poeta não pode se deter!
Seja incisivo e franco!
A folha de papel está em branco...

Inútil! Para quê macular
o papel com garatujas?
Para quê extravasar
o meu desencanto?

Hoje não escreverei!
Que permaneça a folha
de papel em branco!

*Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas). Blog “O Escrevinhador” –http://pedrobondaczuk.blogspot.com

2 comentários:

  1. Começou célere, prometendo muito. Houve um extravio de intenções pelo meio e um fecho surpreendente.

    ResponderExcluir