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Sou negra, e daí?
* Por Rosália Cristina
Eis que falam de pele
De minha cor de pele
Não sei por que deram
De falar nisso agora!
Não me percebiam?
Não me davam glória!
E agora?!
Disseminam falares
Aglutinam olhares
Liquidificam
Para simplificar:
Verdades.
Meu tom de pele
Não!! Minha cor de pele!
Meu cabelo...
Estudo em teses.
Sou negra, e daí?
Que tenho eu agora
De diferente na história?
Virei campo de estudo...
Onde estavam vocês
Todos vocês, todos?
Que não me viam
Me corroendo,
Deitada no tronco
Acariciada com chicote
Que gerava em mim
Cicatrizes de nove meses
- açoite de branco em negra –
E onde vocês estavam?
Consumindo minhas ancas,
Com saliva e olhares?
Aprendendo minha dança?
Samba mulata, samba...
Samba mulata, samba...
Sim, sou negra.
Alto lá, porque sou NE-GRA
Aquela mesma
Que modificou seu paladar
Que é protegida por um Orixá
Que usa as cores da Terra de Lá
Que as curvas do cabelo
Rodopiam seu olhar.
A dona da pele da noite
Proprietária dos dentes do dia
Única portadora de esferas negras
Mergulhadas em lagos de leite
Na própria face, para o próprio deleite.
Percebem? Sou negra.
Gingado não ensaiado
Religião etnicamente genética.
Sempre fui assim!
Excelentíssimos Doutores, percebem?
Na oleosidade dos meus poros dilatados
Riscam fragmentos de feridas passadas
De meus seios fartos não sai leite
Saem viscerais identidades.
De minha boca-carne
Que tantas vezes
Desverbaliza os seus verbos
Sai um sorriso despudorado,
Mas autêntico de minha raça.
Talvez, sendo eu, objeto de suas teses
Percebam-me cultura viva, em pele,
Antropologicamente em vida:
Não apenas mais uma remanescente.
• Poetisa, autora do livro “Sob a lua e entre as flores”
* Por Rosália Cristina
Eis que falam de pele
De minha cor de pele
Não sei por que deram
De falar nisso agora!
Não me percebiam?
Não me davam glória!
E agora?!
Disseminam falares
Aglutinam olhares
Liquidificam
Para simplificar:
Verdades.
Meu tom de pele
Não!! Minha cor de pele!
Meu cabelo...
Estudo em teses.
Sou negra, e daí?
Que tenho eu agora
De diferente na história?
Virei campo de estudo...
Onde estavam vocês
Todos vocês, todos?
Que não me viam
Me corroendo,
Deitada no tronco
Acariciada com chicote
Que gerava em mim
Cicatrizes de nove meses
- açoite de branco em negra –
E onde vocês estavam?
Consumindo minhas ancas,
Com saliva e olhares?
Aprendendo minha dança?
Samba mulata, samba...
Samba mulata, samba...
Sim, sou negra.
Alto lá, porque sou NE-GRA
Aquela mesma
Que modificou seu paladar
Que é protegida por um Orixá
Que usa as cores da Terra de Lá
Que as curvas do cabelo
Rodopiam seu olhar.
A dona da pele da noite
Proprietária dos dentes do dia
Única portadora de esferas negras
Mergulhadas em lagos de leite
Na própria face, para o próprio deleite.
Percebem? Sou negra.
Gingado não ensaiado
Religião etnicamente genética.
Sempre fui assim!
Excelentíssimos Doutores, percebem?
Na oleosidade dos meus poros dilatados
Riscam fragmentos de feridas passadas
De meus seios fartos não sai leite
Saem viscerais identidades.
De minha boca-carne
Que tantas vezes
Desverbaliza os seus verbos
Sai um sorriso despudorado,
Mas autêntico de minha raça.
Talvez, sendo eu, objeto de suas teses
Percebam-me cultura viva, em pele,
Antropologicamente em vida:
Não apenas mais uma remanescente.
• Poetisa, autora do livro “Sob a lua e entre as flores”
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ResponderExcluirO valor da raça negra, em sua poesia, retrata a mulher negra e sua inteligência...
ResponderExcluir"Talvez, sendo eu, objeto de suas teses
Percebam-me cultura viva, em pele,
Antropologicamente em vida:
Não apenas mais uma remanescente."
Gostei muito!
Parabéns, poetamiga.
Beijos