quinta-feira, 29 de julho de 2010




Enxergando a vida

* Por Fabiana Bórgia



Finalmente resolvi ir ao oftalmologista. Descobri que tenho miopia nos dois olhos. Descobri também que a medicina me surpreende cada vez mais. Eu nunca poderia imaginar que alguém pudesse cutucar meus olhos e eu nada sentir. Bendito colírio!



Percebi que não enxergo a vida com nitidez, mas que já me acostumei com isso.


Será culpa dos meus trinta e pouco anos (para ser exata, trinta e três)? De qualquer forma, posso dizer que adoro a minha idade. Tenho orgulho de cada dia percorrido, mesmo daqueles dias não tão felizes. Além de míope, consigo enxergar novas cores. Apesar de ser preto no branco, gosto da vida bem colorida.

Sim. Passei da crise que quase toda mulher tem ao rodar a quilometragem, momento em que se começa a enxergar o passado com uma nitidez absurda e o futuro de forma nebulosa. Hoje respiro presente. Tenho uma percepção óbvia do instante, do meu corpo e de minha mente.

Parei de acreditar nas meras observações ou soluções simplistas. Resolvi praticar minha intuição, que sempre me acompanhou em cada capítulo escrito. E hoje, não só necessito de óculos, mas das poucas rugas que vão se formando perto dos meus olhos, mostrando o quanto eu tenho história para contar.

Por isso uso óculos escuro. Com o brilho intenso de tantas cores, não haveria outra solução. Afinal, só se vive uma vez.

• Escritora por vocação e advogada por formação. Paulista por natureza e carioca por estado de espírito. Engenheira de sonhos: alguém em eterna construção. Autora do livro “Traços de Personalidade”

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