segunda-feira, 19 de julho de 2010




Sortilégio

* Por Núbia Araujo Nonato do Amaral

É noite de lua cheia, única em sua beleza etérea, ela se banha nas águas do ribeirão. Emerge nua e das gotas que escorrem pelo seu corpo, surgem pequenos cristais que forram o chão, formando um tapete de estrelas.

A cadência de seus passos movimenta a brisa, que espalha um cheiro de jasmim. Com o coração aos pulos, ela espreita. Ele está por perto. Caminha na escuridão e toca suas mãos frias, guiando os seus passos. Mas ele já está tomado de urgências e suas narinas se dilatam, como as de uma fera.

Derruba-a no chão, penetrando-lhe nas entranhas, saciando uma vontade voraz que nem sabe de onde surgira. Olhando-a nos olhos, agora quase mortiços, cobre sua boca com um beijo longo e ardente. Arrebata-a uma vez mais e, atônito, vai embora.

A bela levanta, sorrindo, e abraça seu corpo. Retorna para as águas do ribeirão, onde espera, placidamente, encantar mais um filho da terra.

• Poetisa, contista, cronista e colunista do Literário

3 comentários:

  1. Na justa medida da eficácia. Carnal e fim.

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  2. núbia me encanto com teus poemas,tuas crônicas enfim com tudo o que você escreve,da maneira sensível que escreve do teu jeito único e sublime,com um talento imensurável


    beijos

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