Bailando
com a chuva
* Por
Carmo Vasconcelos
Lá
fora... cai a chuva indiferente,
dançando nua, gelada e ondulante,
invade-me o seu frio penetrante
e ensopa-se a minha alma lentamente.
Baila com a chuva o meu imaginário,
a valsa de ontem, memórias esquecidas,
rodopiam sonhos, paixões adormecidas,
pecados inconfessos, segredos dum diário.
É um bailado grotesco, alucinante,
vertiginoso, cruel, fantasmagórico,
a um só tempo deprimente e eufórico,
sombras chinesas numa tela esvoaçante.
Lá fora... cai a chuva persistente.
Já mal a ouço, absorta em devaneio,
de alma alagada, mente náufraga, sem freio,
meu corpo enrodilhado e indolente.
Lá fora... pára a chuva de repente!
E um odor a seiva, a pão, terra molhada,
enxuga-me a alma e faz brotar a gargalhada
que devolve à vida o meu corpo já dormente.
Nas asas do vento morno, o passado foge,
do porão da alma eu tranco as escotilhas,
mudo o cenário, troco as sapatilhas,
e volto para o palco, bailarina de hoje!
dançando nua, gelada e ondulante,
invade-me o seu frio penetrante
e ensopa-se a minha alma lentamente.
Baila com a chuva o meu imaginário,
a valsa de ontem, memórias esquecidas,
rodopiam sonhos, paixões adormecidas,
pecados inconfessos, segredos dum diário.
É um bailado grotesco, alucinante,
vertiginoso, cruel, fantasmagórico,
a um só tempo deprimente e eufórico,
sombras chinesas numa tela esvoaçante.
Lá fora... cai a chuva persistente.
Já mal a ouço, absorta em devaneio,
de alma alagada, mente náufraga, sem freio,
meu corpo enrodilhado e indolente.
Lá fora... pára a chuva de repente!
E um odor a seiva, a pão, terra molhada,
enxuga-me a alma e faz brotar a gargalhada
que devolve à vida o meu corpo já dormente.
Nas asas do vento morno, o passado foge,
do porão da alma eu tranco as escotilhas,
mudo o cenário, troco as sapatilhas,
e volto para o palco, bailarina de hoje!
*
Poetisa portuguesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário