quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Caronte



* Por Emanuel Medeiros Vieira



(...) “A todo momento
alguém virá pó
Se vira pó pó
Em um mundo de cupim,
Vira pó pó
O pé da mesa
E o dono da mesa
Vira pó só
Tanto faz se é bom ou é ruim
Dá cupim
Vira pó só” (...) (Karina Buhr, “Vira Pó”)



Então: iremos
Quando?
Não sabemos
Fúteis, sábios, deslumbrados – iremos
Caronte – o barqueiro do Hades – me leva no seu barco
nas águas do rio Estige
Importa?
Restará o oblívio – não só

E a lembrança do sol de uma infância
o menino e o seu boné
o velho e o seu destino
Serenado
Inelutável chamamento

Está feito
Pó.

* Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não amava simpósios”, entre outros.


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