segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Lula, Ciro, Manuela: legítimos


* Por Luciano Siqueira


O fato novo é o lançamento da pré-candidatura da deputada Manuela D'Ávila à presidência da República, pelo PCdoB.

Lula, pelo PT e Ciro Gomes, pelo PDT, já ostentam essa condição há algum tempo. 

A decisão do PCdoB, tomada no último fim de semana, tem ampla repercussão. Em geral, positiva. Mas enseja também incompreensões ou mesmo comentários tendenciosos.

Os que combatem Lula e o PT, entre eles colunistas de diversas mídias, se apressam em celebrar o que chamam de "ruptura" entre aliados históricos, os comunistas e os petistas. Como se a aliança que de fato perdura entre os dois partidos desde 1989, quando da primeira candidatura de Lula, implicasse necessariamente o apoio imediato e incondicional do PCdoB ao PT, sempre.

Se assim fosse, o velho e sempre renovado Partido Comunista do Brasil, há 95 anos presente na cena política nacional, estaria abrindo mão de sua própria identidade e de sua autonomia.

Aliança comporta convergência de propósitos e lealdade, mas jamais renúncia a projetos próprios.

Em especial na atual fase dos preparativos para o pleito de 2018, quando se faz necessária a explicitação, de modo claro e sistêmico, das ideias e proposições de cada partido, tanto quanto o PT com Lula e o PDT, com Ciro, o PCdoB tem toda a legitimidade para apresentar Manuela. 

Ruptura? Jamais! Sobretudo porque o diálogo entre esses três partidos do campo popular e democrático segue na busca da convergência em torno de questões centrais — como o papel do Estado nacional como indutor do desenvolvimento, por exemplo —, preservando-se o respeito às discrepâncias, que são naturais e compreensíveis.

Daqui até as convenções partidárias, em agosto do ano vindouro, muita água há de correr no leito do rio. E haverá tempo para se verificar em que grau esses partidos, assim como outras legendas progressistas, terão consolidado uma agenda comum e, quem sabe, possam estar unidos já no primeiro turno. Ou não.

A rigor, o instante decisivo para a unidade de todos, que o PCdoB concebe como uma frente a mais ampla e plural possível, se dará no segundo turno. O que não anula a hipótese de uma unidade no primeiro.

Isto posto, a pré-candidatura de Manuela rigorosamente não é contra nenhum aliado, e sim em defesa da nação, da democracia e dos direitos do povo — expressão do conteúdo programático e tático do partido a que ela pertence. 


* Médico, escritor e político



Nenhum comentário:

Postar um comentário