sábado, 18 de novembro de 2017

Mulheres de verdade?

* Por Clóvis Campêlo
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Vejo no jornal que Amélia, a mulher de verdade cantada por Ataulfo Alves e Mário Lago, existiu mesmo. Chamava-se Amélia dos Santos Ferreira, morou em Realengo, no Rio de Janeiro, e morreu aos 91 anos, deixando dez filhos, muitos netos e bisnetos.

A notícia foi dada na coluna de Ancelmo Gois. Não sei se houve choros e velas no seu enterro, mas, com certeza, deixou o seu nome definitivamente gravado na história da MPB. Alô, alô, Realengo, aquele abraço.

Além de Amélia, Realengo também comportou o quartel onde Gilberto Gil ficou preso, nos anos 60, durante o regime militar, antes de ser deportado e exilado. Também aí, surgiu outra grande contribuição à música popular brasileira, no samba reconhecidamente de desenredo. O Rio de Janeiro, porém, era e continua lindo.

No jornal, também, no contexto das matérias publicadas sobre os 70 anos do início da II Guerra Mundial, tomo conhecimento da existência de Aninha dos Torpedos. Mulher bonita e sedutora, vagava pelos portos das capitais nordestinas, principalmente Recife e Salvador, atraindo marinheiros brasileiros e americanos que pudessem lhe fornecer informações sobre as rotas dos nossos navios mercantes.

Segundo o jornalista Wagner Sarmento, do Jornal do Commercio do Recife, para cada marinheiro seduzido por Aninha correspondia sempre o torpedeamento de algum navio. Aninha passou a ser considerada como uma espiã nazista infiltrada na província, dilacerando corações e as carcaças dos navios. Muito mais um mito, porém, do que uma realidade, a sua existência nunca foi efetivamente comprovada.

Essas mulheres, de verdade ou não, sacudiram a minha imaginação nesse final de semana ensolarado.
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  • Poeta, jornalista e radialista



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