quarta-feira, 7 de outubro de 2009




Esses professores e professoras!

* Por Seu Pedro

É meu dever amar ao próximo, mesmo que ele esteja longe de meus pensamentos e propósitos e que não tenha o meu jeito de ser. Ninguém é obrigado a pensar como eu, senão o mundo não teria graça. Não teria com que me irritar, e não explodiria de vez em quando. Afinal, não sou nenhum monge penitente, que aceita que o espanquem, só porque Jesus disse: “a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra” (Mateus 5:39). Afinal Ele chicoteou os vendilhões de templo! E eu estou aqui pensando se devo ou não “chicotear”, com minhas críticas, alguns professores que enxergo como “vendilhões do ensino”. Claro que eles são exceções. Mas estão tornando-se maioria. Isto é preocupante.

Concordo que os alunos modernos estejam insubordinados. Que os salários sejam poucos. Que é necessária greve contra o baixo salário. Mas não concordo com professor faltar a tantas aulas e justificar com a explicação: “faltei de dar aula para minha turminha, para não faltar a aula na minha faculdade”. Suponha-se que uma cozinheira, só porque quer aprender mais sobre culinária, deixe todo mundo com fome. Ou que o padeiro, porque deseja aprender fazer manteiga, em alguns dias lhe mande comer pão dormido. As aspirações de conhecimento e ascensão a cargos melhores, melhores níveis culturais, melhores salários são justas, até dos que estão cursando primeiro o primário. Ou seja, o primeiro grau.

Não sei como é em outros estados, mas tendo a Bahia como exemplo, onde vivo, no ano de 2007 houve uma longa greve de professores estaduais por melhores salários. Achei justo e passei a acreditar que, findo o movimento, os professores e professoras se movimentariam para repor as aulas que não deram. Os militantes daquela posição, quase sempre radicais da oposição, diziam que sim, que iriam completar os duzentos dias do ano letivo. Minhas filhas sacrificariam as férias, mas ter aulas, acredito, seria melhor. Será que elas necessitam de escola? Não teria eu, pai, a capacidade de ensinar? Algumas coisas sim, e o faço sem problemas. Porém o profissional da educação, aquele que domina o conteúdo de uma aula, tendo só uma disciplina a dominar; matemática, português, ciências, português etc. não sou eu. Mesmo com a desculpa de se capacitar, em qualquer profissão não deve acontecer que se deixe o passageiro na rodoviária ou no aeroporto, os atrasando o destino. .

Imaginem se falta o piloto do avião e um pai ou mãe de passageiros se aventure a sair voando por ai? Dificilmente chegará ao outro aeroporto. Faltar à sala de aula, mas não abrindo mão do salário que ganham por aquele dia, isto me parece atitude mercenária, em que o amor pela sala de aula se mostra ausente. O aluno vai à escola e pensando em cinco aulas, mas na terceira retorna para casa. Isto os que procuram o lar e os pais. E também percebo que começam a faltar diretores e diretoras que entrem em aula quando um professor faltar, como penso que deveria ser. Com isto, pelas minhas contas, a reposição, que deveria acabar em janeiro, vai lá para a semana santa, E não adianta falar em sábado letivo. A falta neste dia é generalizada. Ou vão aprovar aos alunos faltando dias/aula?

* Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia.

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