terça-feira, 27 de outubro de 2009




Seguindo o mar

* Por Evelyne Furtado

S
eja como a montanha, diz o I Ching.

Mas como, se não sou forte, imóvel e sólida como ela?

Antes seguir o mar, sempre em movimento. Sou mulher regida pelas marés: molho os pés nas espumas, bebo maresia e me encanto no mergulho, não sem antes me benzer três vezes em reverência.

Sagrado mar, que me fascina no marulho, que me acalma em simplesmente sabê-lo ali, mas que tem o poder de me tragar mesmo na contemplação, quando é mistério insondável.

Rendo-me ao mar, na alegria dos banhos, no afago morno de sempre, no consolo da agonia e na beleza infinita em todas as suas nuances.

Não serei nunca impenetrável como a montanha, pois nasci ao pé do mar e tenho em minha pele seu sal. Conviverei, portanto, com essa deleitosa condenação.

* Poetisa e cronista de Natal/RN

6 comentários:

  1. Sal é o codimento que te temperou assim suave e, ouso dizer, deliciosa. Parabéns. E preserve-se, que tal deve fazer um bem enorme a muita gente.

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  2. Eu, que tenho Mar no nome, também sou fascinado por ele - mesmo estando longe o tempo todo. Lindo e poético texto, como sempre, minha amiga. Parabéns.

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  3. Olhar o mar em silêncio e tentar entender as lições que ele nos transmite simplesmente apenas sendo, deveria ser um exercício de todas as pessoas. Faço isso quado vou à praia e aprendo muitas lições com ele. Sinto uma felicidade muito grande por ter mar no meu nome.
    Beijo
    Risomar

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  4. Gracias a la vida que me ha dado tanto(Merdes,la reina)Silvio, a sua coragem e o seu amor fazem de você um nobre a quem revenreciamos,Marcos Fonseca

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