terça-feira, 27 de outubro de 2009


Viagens matinais

Caríssimos leitores, boa tarde. Ontem escrevi sobre viagens e destaquei a importância que elas podem ter para o escritor. Podem, sobretudo, se transformar em bons livros, não importa de que gênero (creio que de todos eles).
A esse propósito, recebi um e-mail do leitor Amantino Gomes, que me agradece por lembrar com tanto carinho de Pernambuco e se confessa “comovido” com o que escrevi sobre seu Estado natal. Que nada, amigo, eu é que tenho a agradecer a esse povo generoso e bom, que me proporcionou cinco dias de sonhos e lembranças que jamais se apagarão da minha memória.
Hoje, vou falar de outro tipo de “viagem” É a que empreendo todas as manhãs, há já quase quatro anos, na edição do nosso Literário. Vocês nem imaginam a satisfação que tenho quando vejo os textos postados na telinha do computador e releio-os um a um. Foi e é sacrificado manter esse espaço, que apenas sobrevive graças ao talento e à generosidade dos nossos colunistas e colaboradores.
Mesmo antes de se transferir para sua “própria casa”, o Literário esteve, em várias ocasiões, a pique de se extinguir. Ora eram exigências da direção do site, ora o êxodo em massa de colunistas, ora pessoas reclamando da minha atuação, insinuando que protegia alguns, em detrimento dos demais. Essa acusação era de uma tolice cavalar. Por que protegeria determinados colunistas e colaboradores, se não conheço ninguém pessoalmente e se não entra, portanto, nas minhas decisões, o fator subjetivo?
Não permiti, porém, que nenhuma dessas circunstâncias determinassem o nosso fim. Contei, claro, com o fator sorte (ou dêem-lhe o nome que quiserem) e, principalmente, com a garra destes hoje amigos do peito (posto que virtuais) que teimaram em travar, comigo, esta quixotesca batalha em defesa da arte, da cultura e, notadamente, da boa literatura.
O Literário, portanto, é um pedaço de mim. É um dos episódios mais caros da minha vida. E com que prazer faço estas edições diárias, mesmo contando com tempo tão escasso, dado o fato de ser jornalista em plena atividade!!!
O que vocês vão ler no dia seguinte, neste espaço, nasce, invariavelmente, na noite anterior, quando retorno (não raro, de madrugada), exausto da redação onde trabalho. É quando faço a seleção, ou seja, preparo o “cardápio” do que vou servir a vocês na manhã do outro dia.
Logo ao despertar, faço a edição. Recorro ao banco de imagens para escolher a ilustração mais adequada a cada texto, processo que às vezes chega a me consumir mais de uma hora. E finalmente vem o clímax, o momento de que mais gosto: o de diagramar a página, sempre seguindo um padrão pré-estabelecido.
É verdade que essas viagens matinais às vezes são tensas. Há uma série de “coisinhas” que me chateiam e às vezes ameaçam me desanimar. Uma delas (a maior) é quando algum colunista decide se desligar dessa nossa confraria clandestina. Até entendo que as pessoas tenham lá suas ocupações profissionais, que às vezes conflitam com a produção literária. Mas não entendo como escritores possam fazer da literatura algo secundário, do qual possam abrir mão com a maior facilidade, sempre quando esta conflite com outra coisa qualquer que precisem (e às vezes nem tanto) fazer.
Alguns reclamam da “obrigatoriedade” de produzir um texto por semana. Ora, o escritor deveria produzir, na verdade, no mínimo, um por dia. É sua obrigação para com o mundo. Em toda e qualquer atividade, o treinamento é essencial para o sucesso. Nenhum atleta de alto rendimento, por exemplo (e não importa o esporte que pratique), chega a qualquer lugar sem treino, muito treino: constante, persistente e exaustivo. O mesmo se aplica aos escritores.
Outra coisa que me aborrece (e muito) é quando cometo algum erro de edição. Ou quando a foto escolhida conflita com o teor do texto. Ou quando uma crônica, um conto ou um poema que me empolgaram no momento da seleção passam absolutamente batidos, sem um único e reles comentário. Mas são coisas muito pequenas para sequer arranhar a imensa satisfação que tenho ao editar o Literário.
Estamos crescendo a olhos vistos. A propósito de crescimento, continua de pé meu desafio de conseguirmos arregimentar pelo menos 100 seguidores até 31 de dezembro próximo. Já temos 69, faltando, portanto, apenas 31 para atingirmos a primeira meta. Atingiremos.
Fico matutando, comigo mesmo, como me sentirei vazio quando um dia o Literário acabar (tudo se acaba). Espero, claro, que isso demore ainda vinte anos ou mais para acontecer. Mas um dia acontecerá. Quando? Como? Por que? Não sei!
Contudo, sem que nos apercebamos, estamos fazendo história. Um dia, quando não passarmos de meras lembranças na memória dos que nos conheceram, estes textos, a que nem sempre damos o devido valor que merecem, podem ser o fator que marque a nossa trajetória na vida com o signo do sucesso. É o que espero e pelo que luto.

Boa leitura.

O Editor.

Um comentário:

  1. De minha parte, vale dizer que, foi por causa do " Literário" , por ser " obrigada" a escrever um texto por semana, que hoje vou publicar um livro. E espero que o primeiro de muitos.
    Melhorei minha escrita. Aprendi com alguns comentários e puxões de orelha de pessoas mais experientes e acrescento que, se o Literário continua, é sim,também, não podemos esquecer, pela sua persistência,garra e vontade. Francamente, eu que tenho blogs , e geralmente só atualizo uma vez por semana, sei o quanto dá trabalho.
    Imagina então, editar, selecionar textos e fotos e postar mais de cinco textos por dia ???
    Pedro, só amando muito a Literatura !
    E o mundo precisa de cultura. A cultura é um refrigério para o espírito.
    Se o " Literário" um dia acabar ?
    Bom, eu vivo um dia de cada vez.
    Hoje o Literário é uma realidade.
    O que importa é o hoje.
    E vamos seguindo em frente !

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