Tropeço
* Por
Evelyne Furtado
No
meio da sala repleta a mulher tropeça e cai do salto. Mas é a
menina quem sonda o ambiente e quase corre para os braços do pai, se
lá estivesse o pai e não fosse ela uma mulher.
É
a criança quem ri desbragadamente sem motivo algum quando a mulher
dá vexame em um frouxo de riso fora de hora. Abençoada
infantilidade!
É
também a menina que chora um choro soluçado. Daqueles que só
criança sabe chorar na fé de que alguém virá socorrê-la.
Tem
mulher que chora assim antes de aprender que chorar não adianta. Um
aprendizado que amargura algumas, antes de ensinar.
Tem
sempre uma menina ou um menino atrás de um adulto que cai, soluça
ou ri demais.
Existe,
às vezes, uma criança precocemente envelhecida atrás de um adulto
que não sabe chorar, nem rir de bobagem.
Tem
até homens e mulheres que nunca caem. Desconfio que nesses morem
crianças de olhos embaçados e sem marcas no joelho, que passam a
vida na janela esperando outra criança cair para apontar.
*
Poetisa, cronista e psicóloga de Natal/RN.
Nenhum comentário:
Postar um comentário