Megalópoles
* Por
Pedro J. Bondaczuk
Caminho,
sonâmbulo inconsciente
qual conspurcante zumbi
disforme, raquítico, trôpego,
por ruas desconhecidas
da cidade dos pesadelos.
qual conspurcante zumbi
disforme, raquítico, trôpego,
por ruas desconhecidas
da cidade dos pesadelos.
Sombra
entre esquivas sombras,
encasquetado, ensimesmado
e perdido na tarde suja
de intensíssimo calor
vago sem bússola nem mapa.
encasquetado, ensimesmado
e perdido na tarde suja
de intensíssimo calor
vago sem bússola nem mapa.
Arranha-céus
monstruosos
abatem a luz antisséptica do sol
e desenham disformes silhuetas
em muros emporcalhados de negro
e arruinadas calçadas de pedra.
abatem a luz antisséptica do sol
e desenham disformes silhuetas
em muros emporcalhados de negro
e arruinadas calçadas de pedra.
Vislumbro
pedaços irregulares,
nesgas ínfimas de céu,
de azul profundo, azul intenso,
por entre rasgos assimétricos
no encardido, no roto manto
de nuvens acinzentadas, violáceas
e espessas de tóxicos humores.
nesgas ínfimas de céu,
de azul profundo, azul intenso,
por entre rasgos assimétricos
no encardido, no roto manto
de nuvens acinzentadas, violáceas
e espessas de tóxicos humores.
Carros
desalinham-se, irregulares,
imensas lesmas de metais.
deixando oxidantes rastros.
Arrastam-se, sonolentos e ruidosos
num alarido insano, ensurdecedor,
dissonantes trombetas de Jericó.
imensas lesmas de metais.
deixando oxidantes rastros.
Arrastam-se, sonolentos e ruidosos
num alarido insano, ensurdecedor,
dissonantes trombetas de Jericó.
Megalópoles
torturante, nauseabunda,
máquina de moer sonhos e vidas,
monstruosa devoradora de homens,
infame, faminta e gulosa canibal
que ilude, com suas miragens,
arapucas, ilusões, sortilégios
de fortunas, glória e poder,
os cúpidos, incautos e canalhas.
máquina de moer sonhos e vidas,
monstruosa devoradora de homens,
infame, faminta e gulosa canibal
que ilude, com suas miragens,
arapucas, ilusões, sortilégios
de fortunas, glória e poder,
os cúpidos, incautos e canalhas.
(Poema
composto em Campinas, em 21 de outubro de 2011)
*
Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de
Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do
Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções,
foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no
Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios
políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance
Fatal” (contos), “Cronos & Narciso” (crônicas),
“Antologia” – maio de 1991 a maio de 1996. Publicações da
Academia Campinense de Letras nº 49 (edição comemorativa do 40º
aniversário), página 74 e “Antologia” – maio de 1996 a maio
de 2001. Publicações da Academia Campinense de Letras nº 53,
página 54. Blog “O Escrevinhador” –
http://pedrobondaczuk.blogspot.com. Twitter:@bondaczuk
Saindo um pouco do seu otimismo e olhando a cidade do jeito que ela é.
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