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O celular
* Por Rodrigo Ramazzini
- Quem é Paulão?
- O motorista do ônibus da empresa.
- E o Fernandão?
- Colega da empresa.
- E o Xandão?
- Parceria do futebol lá da empresa também!
- E como é o nome completo dele?
- É... É... Alexandre... Alexandre... Silva, eu acho!
- Achei que era outro... Não conheço essa “criança”...
- Uma criança de um metro e noventa!
- Todos os nomes dos teus colegas de trabalho terminam com “ão”?
- Eu tenho um metro e sessenta, esqueceste? Perto de mim todos ficam grandes...
- Sei...
- Larga este celular... Neste só tem contatos profissionais. Vem pra cá amor, vem!
- Estou terminando de olhar a agenda. Faltam todas as ligações e as mensagens ainda. Vou demorar!
- Pelo amor de Deus! Não tem nada aí...
- Será?
- Claro que não! Que ciúme bobo! E outra: se eu te traísse, com certeza não deixaria qualquer espécie de “furo” no celular! Ainda mais no celular da empresa...
- Não sabia que dominava estas técnicas, Marcos Paulo?
- Que técnicas?
- Não te faz de sonso!
- O que estás falando?
- Achei! Quem é Suelen, hein? Quatro ligações em seqüência recebidas desta rapariga. Desembucha! Quem é?
- Não entendi o que disseste...
- Não te faz de desentendido. Quem é essa vagabunda?
- “Su” o quê?
- Suelen! S-u-e-l-e-n. Entendeu agora?
- Ah! A “Su”, tu queres dizes? O nome dela é com dois “Éles”...
- Que intimidade, hein! Bonito isso...
- É a nova revendedora da rede. Coisa mais querida que ela é... Precisa conhecer!
- Não acredito que eu estou ouvindo isso... E o cachorro não fica nem vermelho!
- Por que está dizendo isso?
- Tu achas que eu sou boba, Marcos Paulo?
- Não estou entendendo...
- Tu és muito cínico, Marcos Paulo! Cachorro! Sem vergonha! Me traindo na cara de pau!
- Te traindo? Está louca?
- Não acredito! Como eu fui boba e nunca pensei que tu poderias ter um caso com uma colega de trabalho... Como eu fui boba, meu Deus! Meu Deus... Acabou! Ouviu? Está tudo acabado! Vou embora...
- Pâmela! Pára, Pâmela! Estás louca? Que caso o quê... É só uma colega de trabalho. Só isso. Nada a ver! Não viaja!
- Por que essas ligações então? Explica? Se é que tem explicação...
- Tem sim! O meu chefe me atribui a função de orientá-la neste começo de trabalho dela na empresa. Daí ela me ligou para pedir alguns esclarecimentos. Só isso!
- E por que tu? Logo tu, criatura?
- É que... Eu não iria contar agora, mas...
- Fala logo Marcos Paulo! Porque eu não agüento mais olhar para essa tua cara...
- Eu fui promovido! Pronto! Falei!
- Promovido?
- Arãn! Pra supervisor de vendas... Objetivo cumprido!
- Isso quer dizer que...
- Isso mesmo! Pode marcar o noivado... Como prometido!
- Eu não acredito! Quando foi isso?
- Faz... Faz... Uns vinte dias!
- Aí, meu amor!
- Eu iria comprar as alianças e te fazer uma surpresa, mas...
Pâmela corre e pula no pescoço de Marcos Paulo, enchendo-o de beijos.
- Eu te amo! Smack! Mmm! Eu te amo, meu amor! Smack! Mmm! Me abraça! Estou tão feliz!
Enquanto é “agarrado” pela namorada, Marcos Paulo reflete:
“Ufa! Dos males, o menor... Não iria escapar disto mesmo... Pelo menos ela não apagou os números dos telefones da Paula, da Fernanda, da Xanda...
* Jornalista
* Por Rodrigo Ramazzini
- Quem é Paulão?
- O motorista do ônibus da empresa.
- E o Fernandão?
- Colega da empresa.
- E o Xandão?
- Parceria do futebol lá da empresa também!
- E como é o nome completo dele?
- É... É... Alexandre... Alexandre... Silva, eu acho!
- Achei que era outro... Não conheço essa “criança”...
- Uma criança de um metro e noventa!
- Todos os nomes dos teus colegas de trabalho terminam com “ão”?
- Eu tenho um metro e sessenta, esqueceste? Perto de mim todos ficam grandes...
- Sei...
- Larga este celular... Neste só tem contatos profissionais. Vem pra cá amor, vem!
- Estou terminando de olhar a agenda. Faltam todas as ligações e as mensagens ainda. Vou demorar!
- Pelo amor de Deus! Não tem nada aí...
- Será?
- Claro que não! Que ciúme bobo! E outra: se eu te traísse, com certeza não deixaria qualquer espécie de “furo” no celular! Ainda mais no celular da empresa...
- Não sabia que dominava estas técnicas, Marcos Paulo?
- Que técnicas?
- Não te faz de sonso!
- O que estás falando?
- Achei! Quem é Suelen, hein? Quatro ligações em seqüência recebidas desta rapariga. Desembucha! Quem é?
- Não entendi o que disseste...
- Não te faz de desentendido. Quem é essa vagabunda?
- “Su” o quê?
- Suelen! S-u-e-l-e-n. Entendeu agora?
- Ah! A “Su”, tu queres dizes? O nome dela é com dois “Éles”...
- Que intimidade, hein! Bonito isso...
- É a nova revendedora da rede. Coisa mais querida que ela é... Precisa conhecer!
- Não acredito que eu estou ouvindo isso... E o cachorro não fica nem vermelho!
- Por que está dizendo isso?
- Tu achas que eu sou boba, Marcos Paulo?
- Não estou entendendo...
- Tu és muito cínico, Marcos Paulo! Cachorro! Sem vergonha! Me traindo na cara de pau!
- Te traindo? Está louca?
- Não acredito! Como eu fui boba e nunca pensei que tu poderias ter um caso com uma colega de trabalho... Como eu fui boba, meu Deus! Meu Deus... Acabou! Ouviu? Está tudo acabado! Vou embora...
- Pâmela! Pára, Pâmela! Estás louca? Que caso o quê... É só uma colega de trabalho. Só isso. Nada a ver! Não viaja!
- Por que essas ligações então? Explica? Se é que tem explicação...
- Tem sim! O meu chefe me atribui a função de orientá-la neste começo de trabalho dela na empresa. Daí ela me ligou para pedir alguns esclarecimentos. Só isso!
- E por que tu? Logo tu, criatura?
- É que... Eu não iria contar agora, mas...
- Fala logo Marcos Paulo! Porque eu não agüento mais olhar para essa tua cara...
- Eu fui promovido! Pronto! Falei!
- Promovido?
- Arãn! Pra supervisor de vendas... Objetivo cumprido!
- Isso quer dizer que...
- Isso mesmo! Pode marcar o noivado... Como prometido!
- Eu não acredito! Quando foi isso?
- Faz... Faz... Uns vinte dias!
- Aí, meu amor!
- Eu iria comprar as alianças e te fazer uma surpresa, mas...
Pâmela corre e pula no pescoço de Marcos Paulo, enchendo-o de beijos.
- Eu te amo! Smack! Mmm! Eu te amo, meu amor! Smack! Mmm! Me abraça! Estou tão feliz!
Enquanto é “agarrado” pela namorada, Marcos Paulo reflete:
“Ufa! Dos males, o menor... Não iria escapar disto mesmo... Pelo menos ela não apagou os números dos telefones da Paula, da Fernanda, da Xanda...
* Jornalista
A tragédia do celular e os seus rastros... Melhor fingir que não se está socializando o namorado, do que dar uma de valente e abrir o celular dele. É certo que alguma coisa errada está lá. Entre bancar a sonsa ou a cega, é bom optar pelas duas coisas.
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