sexta-feira, 24 de julho de 2009


Roteirista é escritor?

Roteiros de cinema ou de televisão se caracterizam como Literatura? E, em complemento a essa pergunta, por conseqüência, roteiristas podem ser considerados escritores? Essa é uma discussão que se arrasta há muito tempo, com defensores e opositores em profusão.
Para os “puristas”, os conservadores que não admitem nenhum tipo de evolução no campo literário, roteiros não podem e nem devem ser considerados obras de literatura. Por que? Seus argumentos (quando os têm) são muito fracos. A corrente oposta, porém, apresenta-os em grande número, para provar exatamente o contrário.
Este editor soma-se, humildemente, a esta última vertente. Até por questão de lógica, considera roteiros que originem filmes de ficção (e não se refere aqui, claro, a documentários ou a vídeos promocionais), como legítimas obras literárias. O roteirista vale-se dos mesmos recursos de um romancista para produzir seus enredos. E vai muito além.
Não lhe basta contar, por exemplo, uma história, criar personagens, elaborar diálogos, descrever cenários e indumentárias etc. Precisa ir muito além disso e detalhar tudo, parte por parte, para figurinistas, cenógrafos, atores e atrizes etc. Só assim a obra final, o filme, pode ser viabilizada..
É bastante comum o fato de roteiristas famosos de Hollywood transformarem seus melhores roteiros em livros e esgotarem várias edições. Para não ser cansativo, este editor cita, apenas, o exemplo de Sidney Sheldon. Ele foi, por anos a fio, campeoníssimo de vendas das editoras que publicaram suas obras. As edições de seus romances ascendiam aos milhões. Frise-se que ele adaptava em livro tanto os roteiros filmados, quanto os não aproveitados pelas empresas cinematográficas.
No Brasil, podemos citar os casos de Cláudio Galperin, de Di Moretti ou de Marçal Aquino, todos jornalistas e escritores, além de consagrados roteiristas. No México, há o conhecidíssimo Guillermo Arriaga. E nos Estados Unidos, para não ficar num só nome, este editor destaca Frasnk Miller, Alan Moore, Chris Cluess, Eric Horsted, Stacie Lipp, Mike Rowe, Wes Craven, Syd Field, John Howard Lawson, Dalton Trumbo e Cesarte Zavattini, entre milhares de tantos outros.
Num dos festivais internacionais de literatura que se realizam anualmente em Parati, este tema veio à baila. Houve a participação de vários roteiristas, que fizeram interessantes palestras a respeito da sua atividade. Se, antes disso, este editor já estava convencido que estes profissionais eram escritores, agora está muito mais. E que me desculpem os “puristas”, que enxergam literatura através de uma lente às avessas que não lhes permite uma visão ampla e se limitam a um mundinho que há mais de um século não mais existe. .

Boa leitura.

O Editor.

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