Tradução da tradução
Nem todo o livro traduzido o é direto do idioma em que foi escrito. Aliás, suspeita-se que a maioria não o seja. Os textos de autores estrangeiros que lemos, via de regra, são traduções de traduções. Notadamente quando são escritos em línguas que tenham até alfabetos muito diferentes dos nossos, como o russo, o japonês, o árabe, o chinês etc. Essas obras são vertidas, antes, para o inglês (na grande maioria), francês e espanhol. Dessas matrizes é que acabam traduzidas para o português.
Vários desses escritores, hoje em dia, facilitam as coisas para nossos tradutores. Com o intuito de obter maior “visibilidade” internacional (e, de fato, a obtêm), têm escrito seus livros diretamente em inglês. Não raro, jamais o fazem em sua língua materna. Tornam-se conhecidos no exterior, sem que seus conterrâneos tenham, também, esse privilégio. É a tal da globalização invadindo o campo da cultura e da arte, principalmente o da literatura.
Salvo exceções, as obras de escritores russos, por exemplo, como Gorki, Gogol, Puchkin, Dostoievski e até mesmo Tolstoi, entre tantos outros, que temos o privilégio de ler em português, foram traduzidas, originalmente, para o francês e daí para a nossa “última flor do Láscio, inculta e bela”, como diria Olavo Bilac.
Este Editor tomou contato, pela primeira vez, com os livros desses mestres da literatura mundial, através de edições francesas. Já escritores japoneses como Murasaki Shikibu, Ashiei Hino, Yasunari Kawabata e Yukio Mishima; árabes como Alaa al-Aswami, Tayeb Salih, Youssef Samir e, mesmo, os albaneses Ismail Kadaré e Sami Frashen, conheceu mediante a versão inglesa dos seus livros. Para nossa felicidade, todavia, muitas das suas obras já podem ser lidas, analisadas e dissecadas em português.
“Essas traduções das traduções não descaracterizam o que o autor escreveu?”, perguntaria o leitor. A resposta só pode ser: sim! Toda a tradução, de certa forma, tem esse efeito. Há expressões idiomáticas (e todas as línguas têm as suas) que são tão características, que não têm correspondência em outro idioma.
O que se pode fazer é, somente, apresentar um significado que mais se aproxime daquele que o escritor pretendeu apresentar. Esse é um obstáculo irremovível. Todavia, convenhamos, não desvaloriza e nem desmerece as várias traduções.
Quem quiser se manter rigorosamente fiel ao original, que leia o livro do seu autor estrangeiro predileto no idioma em que foi escrito (se puder, claro). Não são muitos, no entanto, que podem se dar a esse luxo aqui no Brasil. Ademais, salvo uma ou outra tradução, digamos, menos competente, a maioria atém-se rigorosamente ao conteúdo e ao espírito da obra. E é isso o que importa.
Boa leitura.
O Editor.
Nem todo o livro traduzido o é direto do idioma em que foi escrito. Aliás, suspeita-se que a maioria não o seja. Os textos de autores estrangeiros que lemos, via de regra, são traduções de traduções. Notadamente quando são escritos em línguas que tenham até alfabetos muito diferentes dos nossos, como o russo, o japonês, o árabe, o chinês etc. Essas obras são vertidas, antes, para o inglês (na grande maioria), francês e espanhol. Dessas matrizes é que acabam traduzidas para o português.
Vários desses escritores, hoje em dia, facilitam as coisas para nossos tradutores. Com o intuito de obter maior “visibilidade” internacional (e, de fato, a obtêm), têm escrito seus livros diretamente em inglês. Não raro, jamais o fazem em sua língua materna. Tornam-se conhecidos no exterior, sem que seus conterrâneos tenham, também, esse privilégio. É a tal da globalização invadindo o campo da cultura e da arte, principalmente o da literatura.
Salvo exceções, as obras de escritores russos, por exemplo, como Gorki, Gogol, Puchkin, Dostoievski e até mesmo Tolstoi, entre tantos outros, que temos o privilégio de ler em português, foram traduzidas, originalmente, para o francês e daí para a nossa “última flor do Láscio, inculta e bela”, como diria Olavo Bilac.
Este Editor tomou contato, pela primeira vez, com os livros desses mestres da literatura mundial, através de edições francesas. Já escritores japoneses como Murasaki Shikibu, Ashiei Hino, Yasunari Kawabata e Yukio Mishima; árabes como Alaa al-Aswami, Tayeb Salih, Youssef Samir e, mesmo, os albaneses Ismail Kadaré e Sami Frashen, conheceu mediante a versão inglesa dos seus livros. Para nossa felicidade, todavia, muitas das suas obras já podem ser lidas, analisadas e dissecadas em português.
“Essas traduções das traduções não descaracterizam o que o autor escreveu?”, perguntaria o leitor. A resposta só pode ser: sim! Toda a tradução, de certa forma, tem esse efeito. Há expressões idiomáticas (e todas as línguas têm as suas) que são tão características, que não têm correspondência em outro idioma.
O que se pode fazer é, somente, apresentar um significado que mais se aproxime daquele que o escritor pretendeu apresentar. Esse é um obstáculo irremovível. Todavia, convenhamos, não desvaloriza e nem desmerece as várias traduções.
Quem quiser se manter rigorosamente fiel ao original, que leia o livro do seu autor estrangeiro predileto no idioma em que foi escrito (se puder, claro). Não são muitos, no entanto, que podem se dar a esse luxo aqui no Brasil. Ademais, salvo uma ou outra tradução, digamos, menos competente, a maioria atém-se rigorosamente ao conteúdo e ao espírito da obra. E é isso o que importa.
Boa leitura.
O Editor.
Os editoriais são "ene" variações sobre o mesmo tema: escrever. Fico imaginando quanto tempo você demora para decidir sobre o que escreverá. E sei, de antemão, que gasta 40 minutos na feitura desse editorial. Isso já nos foi informado. Muito poucos conseguem ler o original em outro idioma, e ainda , muito poucos têm tantas ideias para escrever sobre escrever. Ganhamos por sermos seguidores desse blog caro editor.
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