Batata quente
* Por Marcelo Sguassábia
A felicidade apareceu sem avisar que vinha, e aparentava ser daquelas que quase ninguém merece, mornas e duradouras. Assim que me assegurei ser ela mesma, fiquei na encolha só olhando as boas-vindas à hóspede.
De tão esperada, quando enfim presente não souberam o que fazer dela. Eduardo pensou em ciceroneá-la, apresentando à felicidade o que era o seu oposto: a lástima em que se debatiam. Lídia conseguiu demovê-lo a tempo, argumentando que a visitante se horrorizaria e jamais voltaria para visitá-los. Talvez nem tirasse as bagagens do carro, ela que veio com destino certo, mala e cuia para ficar boa temporada. E era o olhar de um a outro, a se perguntarem mudos em estalares de dedos e tremores de mãos: e agora?Depois não vi mais nada: abandonei meu posto de observação no auge do impasse, enquanto a criada perguntava da janela se era para colocar ou não mais um lugar à mesa.
* Redator publicitário há mais de 20 anos, cronista de várias revistas eletrônicas, entre as quais a “Paradoxo”
* Por Marcelo Sguassábia
A felicidade apareceu sem avisar que vinha, e aparentava ser daquelas que quase ninguém merece, mornas e duradouras. Assim que me assegurei ser ela mesma, fiquei na encolha só olhando as boas-vindas à hóspede.
De tão esperada, quando enfim presente não souberam o que fazer dela. Eduardo pensou em ciceroneá-la, apresentando à felicidade o que era o seu oposto: a lástima em que se debatiam. Lídia conseguiu demovê-lo a tempo, argumentando que a visitante se horrorizaria e jamais voltaria para visitá-los. Talvez nem tirasse as bagagens do carro, ela que veio com destino certo, mala e cuia para ficar boa temporada. E era o olhar de um a outro, a se perguntarem mudos em estalares de dedos e tremores de mãos: e agora?Depois não vi mais nada: abandonei meu posto de observação no auge do impasse, enquanto a criada perguntava da janela se era para colocar ou não mais um lugar à mesa.
* Redator publicitário há mais de 20 anos, cronista de várias revistas eletrônicas, entre as quais a “Paradoxo”
Mais mínimo que eu, hein, mestre Marcelo! Aliás, pela primeira vez, nos encontramos aqui no mesmo dia. Pois, que venha de lá um abraço! Um abraço pelo encontro e pela extrema competência em sintetizar sem prejuizo da compreensão a chegada dessa tal que tanto invocamos - a felicidade. Uma crônica que nos oferece a melhor literatura em poucas linhas. Seja sempre assim, pq haverá sempre o que ler. Parabéns. Grande abraço. Ótimo sábado.
ResponderExcluirA gente espera tanto pela felicidade, que quando ela chega causa espécie. Também tive experiência semelhante, mas deu tempo de ela almoçar comigo. Pelo menos isso.Congratulo pela objetividade telegráfica.
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