Tarefa para poetas
Traduzir qualquer texto, não importa sua natureza, ou seja, se literário, técnico ou meramente informativo, e manter, rigorosamente, o conteúdo e o espírito do original, é enorme desafio. Exige conhecimento profundo do tradutor, das duas línguas com as quais vai trabalhar. Essa tarefa torna-se, porém, ainda mais desafiadora quando se trata de tradução de poesia. Se o sujeito não for poeta, dificilmente fará um trabalho que seja, pelo menos, minimamente aceitável.
Ainda quando o poema a ser traduzido é composto de “versos brancos”, ou seja, sem rimas ou métrica, o desafio não é tão grande. Pode-se, até, dizer que é “moleza” (mas, claro, para quem seja do ramo). Ainda assim, o tradutor precisa atentar para o ritmo, sem o qual o leitor poderá interpretá-lo como texto de prosa.
Poemas rimados e metrificados exigem sensibilidade especial de quem os traduz (além de vastíssimo vocabulário nos dois idiomas com que irá trabalhar). Reproduzir rimas do espanhol, do francês ou do italiano, no entender deste Editor, é desafio menor. Mas fazê-lo de poemas em inglês, em alemão ou em sueco. (isso sem falar de idiomas nos quais até o alfabeto é diferente do dessas línguas, como o russo, o japonês, o chinês, o árabe e vai por aí afora).. É façanha para raríssimos tradutores. E, reitere-se, além de tudo, têm que ser, simultaneamente, poetas.
Este Editor já se meteu a traduzir poesias. Claro, dos idiomas “irmãos” do português, ou seja, “filhos” do latim. Traduziu, por exemplo, poesias de Miguel Unamuno, Gabriela Mistral, Pablo Neruda e Jorge Luís Borges (do espanhol); de Lamartine, Victor Hugo e Paul Verlaine (do francês) e de Salvatore Quasimodo (do italiano). Algumas dessas traduções puderam ser feitas em questão de horas. Outras tantas, todavia, consumiram não somente dias, como meses até. E eram poemas isolados, não livros.
A dificuldade maior estava em encontrar palavras em português que correspondessem às originais da língua em que foram escritas e que, ainda assim, produzissem rimas. A dificuldade é muito maior do que o leigo possa sequer supor. A métrica, então, foi um Deus-nos-acuda! Transformou-se em verdadeiro quebra-cabeças, jogo de montar, pela necessidade de manter, sobretudo, as metáforas e a emoção transmitida pelos poetas traduzidos.
Ao lermos poemas de escritores estrangeiros (com a devida tradução, claro) quase nunca valorizamos quem nos tornou essa poesia inteligível. Vez ou outra, até, detectamos imperfeições e criticamos com azedume o tradutor. Quando se sentir tentado a agir assim, caríssimo leitor, tente traduzir um poema qualquer, de algum idioma que você compreenda. Duvido que não vá se assustar com o resultado!
O chato é que as traduções perfeitas não chamam a atenção de ninguém. Passam, absolutamente, batidas. O trabalho do tradutor apenas é notado quando comete erros ou quando tropeça em alguma expressão idiomática, que traduz ao pé da letra, tornando o texto tão ridículo a ponto de parecer “conversa de doidos”. Isso às vezes acontece. Passa, inclusive, pelos revisores das editoras, atentos, apenas, aos erros de grafia e gramaticais e não aos conceituais.
A maioria das traduções, notadamente de poesia, que este Editor tem lido, beira à perfeição. Há poemas célebres, de determinados autores, traduzidos por cinco ou mais tradutores diferentes. O pitoresco é que as palavras portuguesas empregadas são rigorosamente diferentes. Parecem traduções de vários poemas, e não de um único. E, ainda assim, o sentido, ou seja, o conteúdo e o espírito do texto original,, são rigorosamente os mesmos nessas várias traduções. Gente competentíssima essa, não é mesmo?!
Boa leitura.
O Editor.
Traduzir qualquer texto, não importa sua natureza, ou seja, se literário, técnico ou meramente informativo, e manter, rigorosamente, o conteúdo e o espírito do original, é enorme desafio. Exige conhecimento profundo do tradutor, das duas línguas com as quais vai trabalhar. Essa tarefa torna-se, porém, ainda mais desafiadora quando se trata de tradução de poesia. Se o sujeito não for poeta, dificilmente fará um trabalho que seja, pelo menos, minimamente aceitável.
Ainda quando o poema a ser traduzido é composto de “versos brancos”, ou seja, sem rimas ou métrica, o desafio não é tão grande. Pode-se, até, dizer que é “moleza” (mas, claro, para quem seja do ramo). Ainda assim, o tradutor precisa atentar para o ritmo, sem o qual o leitor poderá interpretá-lo como texto de prosa.
Poemas rimados e metrificados exigem sensibilidade especial de quem os traduz (além de vastíssimo vocabulário nos dois idiomas com que irá trabalhar). Reproduzir rimas do espanhol, do francês ou do italiano, no entender deste Editor, é desafio menor. Mas fazê-lo de poemas em inglês, em alemão ou em sueco. (isso sem falar de idiomas nos quais até o alfabeto é diferente do dessas línguas, como o russo, o japonês, o chinês, o árabe e vai por aí afora).. É façanha para raríssimos tradutores. E, reitere-se, além de tudo, têm que ser, simultaneamente, poetas.
Este Editor já se meteu a traduzir poesias. Claro, dos idiomas “irmãos” do português, ou seja, “filhos” do latim. Traduziu, por exemplo, poesias de Miguel Unamuno, Gabriela Mistral, Pablo Neruda e Jorge Luís Borges (do espanhol); de Lamartine, Victor Hugo e Paul Verlaine (do francês) e de Salvatore Quasimodo (do italiano). Algumas dessas traduções puderam ser feitas em questão de horas. Outras tantas, todavia, consumiram não somente dias, como meses até. E eram poemas isolados, não livros.
A dificuldade maior estava em encontrar palavras em português que correspondessem às originais da língua em que foram escritas e que, ainda assim, produzissem rimas. A dificuldade é muito maior do que o leigo possa sequer supor. A métrica, então, foi um Deus-nos-acuda! Transformou-se em verdadeiro quebra-cabeças, jogo de montar, pela necessidade de manter, sobretudo, as metáforas e a emoção transmitida pelos poetas traduzidos.
Ao lermos poemas de escritores estrangeiros (com a devida tradução, claro) quase nunca valorizamos quem nos tornou essa poesia inteligível. Vez ou outra, até, detectamos imperfeições e criticamos com azedume o tradutor. Quando se sentir tentado a agir assim, caríssimo leitor, tente traduzir um poema qualquer, de algum idioma que você compreenda. Duvido que não vá se assustar com o resultado!
O chato é que as traduções perfeitas não chamam a atenção de ninguém. Passam, absolutamente, batidas. O trabalho do tradutor apenas é notado quando comete erros ou quando tropeça em alguma expressão idiomática, que traduz ao pé da letra, tornando o texto tão ridículo a ponto de parecer “conversa de doidos”. Isso às vezes acontece. Passa, inclusive, pelos revisores das editoras, atentos, apenas, aos erros de grafia e gramaticais e não aos conceituais.
A maioria das traduções, notadamente de poesia, que este Editor tem lido, beira à perfeição. Há poemas célebres, de determinados autores, traduzidos por cinco ou mais tradutores diferentes. O pitoresco é que as palavras portuguesas empregadas são rigorosamente diferentes. Parecem traduções de vários poemas, e não de um único. E, ainda assim, o sentido, ou seja, o conteúdo e o espírito do texto original,, são rigorosamente os mesmos nessas várias traduções. Gente competentíssima essa, não é mesmo?!
Boa leitura.
O Editor.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCompetentíssima a abordagem acima. Ver cinco traduções de um único poema deve ser uma experiência bem interessante. Quando o tradutor é também poeta, na verdade recria, faz poemas paralelos, que espelhos não conseguem ser, mas sim poemas irmãos. Deve ser semelhante ao que notamos quando vemos uma obra recriada pelo mesmo pintor.
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