Historieta*
** Por
José Calvino de Andrade Lima
Paixão
de Cristo
Era
Semana Santa. Antigamente todos os anos no bairro de Casa Amarela,
Zona Norte do Recife, era armado o circo Tomara que não chova (por
não ter empanada). O proprietário do circo havia dado, uns dias
antes do espetáculo, uma pisa num rapaz, em razão do mesmo haver
dado uma cantada em sua amante.
Mas o que aconteceu? O referido rapaz é contratado pelo diretor do espetáculo, junto aos demais desocupados para fazer o papel de soldado (os algozes de Jesus). Jesus carregava a cruz ao calvário, após colocarem a coroa de espinhos (feita de palha) na cabeça. Na hora em que os soldados chegavam a ele diziam: "Salve, rei dos judeus!; e davam-lhe falsas bofetadas, açoitando-o com sacos de estopa.
O
rapaz inimigo, premeditadamente, colocou um "quiri" (pau)
dentro do saco e danou pelo lombo do Cristo. Ao reconhecer o dito
cujo, Jesus soltou a cruz e foi em cima do inimigo. Foi aí que
começou a inesperada comédia. Brigando, Jesus leva desvantagem... e
outras cacetadas foram dadas.
Cristo
então corre, para alegria da plateia,
que gritava: "Jesus frouxo!", "Jesus frouxo!".
*
Gravado em disco – fev/2003. Extraído
dos livros “Miscelânea Recife”/“Trem Fantasma".
**Escritor,
poeta e teatrólogo.
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