“Por
favor, pare agora! Senhor juiz, pare, agora!”
(Pare
o Casamento, Resnick e Young com Wanderléa, 1966)
* Por
Mara
Narciso
O
padre fala “o que Deus uniu o homem não separa”. Poucos parecem
acreditar, mas muitos creem no amor. É o casamento de Rodrigo
Marques e Lívia Sales. Ele, arquiteto e professor é filho de Paulo
Abreu e Dulcemar Soares, ela, pedagoga com trabalho junto às
crianças especiais, é filha de Geraldo Moisés da Silva e Maria
Aparecida Sales. Os noivos se conhecem bem e fazem um bom casamento.
A
cerimônia é na Igreja Santa Clara, do Bairro Morada do Sol, toda
azul em sua singeleza, vitrais, tapete verde, arranjos de flores
brancas na entrada e ladeando o corredor. Sendo músico, Rodrigo
planeja uma trilha musical roqueira com toques eruditos. Depois das
entradas de padrinhos, pais, noivo, damas e pajem, mas não antes de
ser anunciada por uma trombeta, outro som cria uma atmosfera de
suspense e expectativa para a entrada da noiva. Após chegar numa BMW
conversível vermelha, ao som da Marcha Nupcial, surge Lívia altiva
e bela. Conduzida por seu pai, segura de si, flutua em seu belíssimo
vestido de cauda e véu, com uma delicada e fulgurante tiara nos
cabelos longos parcialmente presos e um buquê de rosas brancas na
mão.
Ao
chegar ao altar, é recebida por Rodrigo, que cativa os convidados,
cantando com voz grave e sua firmeza profissional, sem titubear,
considerando-se a emoção do momento. E fala de amor. Com a igreja
cheia, o padre Fernando Soares, exigente na pontualidade não se
excede, fixando mais de uma vez “que serão uma só carne”.
Amplia o sentido da sexualidade para além do corpo e do sentimento,
até a religiosidade, destacando respeito, fidelidade, e alerta que o
casamento é um começo.
Depois
vem a recepção no Espaço OAB, para onde todos se dirigem. Tudo foi
preparado em minúcias durante um ano inteiro, por uma equipe
azeitada, tendo por maestrina Dulcemar, a mãe do noivo, que não
escondia seu contentamento. O resultado está ali, enfeitando o
mundo, iluminando a vida com uma noite inesquecível.
A
decoração feita por André Ruas mostra exuberância nos detalhes
num estilo limpo, harmônico, sofisticado e romântico. Um mago. Na
entrada, tufos floridos em canteiros suspensos e deslumbrantes.
Dentro do salão, o impacto da parede coberta por luzinhas de fora a
fora e por sobre o gazebo caindo em cascata deram o tom e a cor da
festa. No centro do salão, a tenda abriga o bolo com
bonecos-caricatura dos noivos, os bombons e os arranjos florais.
As mesas têm montes de rosas brancas sobre toalha bordada, dividindo
espaço com atraentes candelabros de cristais que iluminam o teto em
profusão.
O
Sânvia Palazzo Cerimonial tem equipe invisível e eficaz, enquanto o
Buffet de Joãozinho Prates atende com variedade, equilíbrio e bom
serviço. Ao fundo um telão destaca o casal no pré-casamento em
cenas de cinema, e sobre o palco, duas bandas tocariam até o romper
do dia: Tatarana Trio, com Beu Viana, de Montes Claros e Aeroguns de
Belo Horizonte, cover de Aero Smith e Guns and Roses. Rodrigo toca
guitarra e canta várias músicas da Legião Urbana, sua
especialidade, para alegria dos amigos chegados, que têm tudo a ver
com os noivos. A festa flui no ritmo das boas festas, com os pais
circulando entre as mesas, valorizando a presença de cada convidado,
que celebra a união.
Casamentos
de ontem e de hoje? A instituição nem parece ser a mesma e sim
outra, não de séculos distintos, mas de planetas diferentes,
considerando-se apenas o Brasil. As celebrações não tinham os
aparatos de luxo nem os gastos de agora. O casamento era uma prisão.
Casava-se para sempre, e raros eram os casais felizes. A preocupação
é grande com o alto custo, mais do que com a volatilidade do
matrimônio, pois “se não der certo eu me separo”. São mais
autênticos, no entanto, ainda que alguns durem uns poucos meses.
Discursos paleolíticos ordenam mulheres a esperar seus maridos de
banho tomado e comida pronta. Que tais sermões não afugentem as
pessoas do casamento, pois, quando o casal se ama, viver a dois é
tão bom como se imagina que seja.
*
Médica endocrinologista, jornalista profissional, membro da Academia
Feminina de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico, ambos de
Montes Claros e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”
Que sejam felizes pra sempre! Abraços, Mara.
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