quinta-feira, 11 de maio de 2017

O namoro de Bibi com Salomão


* Por Antonio Adriano de Medeiros


 Meninos, eu vi!

Devo a sobrevivência deste cordel à amiga Soraya Amaral de Araújo, que o guardou consigo nos 15 anos que viveu entre Milão e Londres, e agora nos deu notícia e nos  enviou, dádiva que não tem preço. É sem dúvida um dos meus três primeiros cordéis, acho que é o segundo, que escrevi sabendo que escrevia um cordel; o primeiro, a História de Um Triste Bode, se perdeu para sempre. O leitor atento pode observar que foi neste cordel do namoro que decidi empregar a "pegada da deixa", ou simplesmente "a deixa", essa coisa de iniciar uma estrofe rimando o primeiro verso com o último da anterior, regra inventada por Silvano Pirauá, de Teixeira - PB, parece que ainda no final do Século XIX. Vou aprendendo e alicerçando a  pegada de deixa paulatinamente.

A política só evolui com amizade e amor, e quando a minha Caicó precisou administrar democraticamente, lá pelos anos 90, o convívio político entre esquerda pragmática e o velho sábio e bonachão capitalismo sertanejo de centro,eu estava lá, quis deixar registrado - um elogio, uma gesta de dama e cavalheiro - confesso que não totalmente desprovido de ciúmes por ter sido preterido por Bibi. A família do Governador Vivaldo Costa sempre me tratou com respeito e educação, Zè Leão se referia a mim como dos deuses, Dadá era amigo, Bibi patrão, e mesmo o prefeito eleito atual, Roberto Germano - o outro grupo político, vez que os Costa ficaram em terceiro – foi quem foi me buscar num hotelzinho logo quando cheguei a Caicó e já havia sido dispensado pelo então prefeito, levado lá pelo até hoje amigo Pacífico Fernandes, sendo o prefeito Manuel Torres, homem bom e honesto, mas na política, rival do Grande Costa. Como as mãos tremiam na hora de servir meu café. 

O fato é que precisava de um enredo, uma princesa sertaneja pura, cristã, e recatada, e um vaqueiro das lutas ideológicas de seu tempo, Quis um vaqueiro de ideologia  da esquerda pragmática e uma Herdeira de Fazendas e Gados, antiguidades, segredos, virtudes e diplomas

Precisei escrever o poema para não me alienar nas mentiras políticas, nas intrigas diárias sobre assuntos desagradáveis e desairosos que cabos eleitorais procuram explorar e nos envolver. Até porque vi que pelo bem da Saúde Pública, que já estava se esquerdizando, era desejável o acordo.

Escrevi, mostrei músicos, pintores, alguns jornalistas, e logo Bibi, atual prefeito até Dezembro que era e é meu amigo, me deu o seguinte conselho: "Dr. Adriano, você não deve ir procurar Vivaldo falando de poesia, não, que ele não gosta. Vivaldo quer trabalho médico, seu conhecimento psiquiátrico - poesia, não!"

Compreendi o que era ali, guardei livros e poemas e o banido o tinha dado por perdido reaparece como curiosidade e um certo realismo fantástico nas lendas do romance Seridó, Seridó da Santíssima Trindade Feminina - Clara, Maria e Santana - Seridó que educa, exige, mas perdoa um pecado de artista porque sabe amar a arte, que o Seridó conhece.

Não é que danado foi guardado, suponho, por amor?

Tanto Rivaldo Costa foi prefeito de Caicó duas vezes, como Salomão Pinheiro o foi de sua Janduís, pelo menos duas vezes; um advogado e empresário da saúde, o outro, médico psiquiatra; Tudo vale a a pena quando a alma não é pequena.

No poema, Bibi é uma senhora, e Salomão um vaqueiro, ambos jovens, poderosos, e cheios de vida.



* Escritor.

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