Baleia
Azul
PARA
OS ADOLESCENTES E JOVENS BRASILEIROS
Tem-se falado muito num jogo chamado “Baleia Azul” (“Blue Whale), que teria sido inventado na Rússia.
Ele
está gerando pânico nas famílias.
Para
participar do jogo, seria preciso obedecer 50 regras impostas por um
“curador” (quem ditas as ordens no jogo), que entre pedidos para
causar dor e ódio, vence quem cumpre o último item: o suicídio.
Sim,
o suicídio.
Uma
adolescente de 15 anos, Ana Vitória Sena de Oliveira, desaparecida,
na cidade de Juazeiro (aqui na Bahia, divisa com Petrolina, em
Pernambuco), foi encontrada nas águas do Rio São Francisco.
Sua
família suspeita que ela se envolveu com o jogo “Baleia Azul”.
Sua
irmã acredita que o fim de num namoro teria contribuído para o
suicídio.
Outros
também acham que o jogo contribui para o “gesto extremo” (como
escreveriam os jornalistas de antigamente).
Acharam
uma carta de despedida na qual ela afirma que iria pular da ponte
Juazeiro-Petrolina (cidades separadas apenas por uma ponte), nas não
cita o jogo Baleia Azul.
“Também
achamos um vídeo em que ela aparece se cortando”, reforça a
irmã.
Ela
também informou que a moça deixou o celular em casa e acharam
informações sobre o jogo.
Uma
menina de 15 anos pula de uma ponte!
Tal é a “nossa
tragédia”: do vazio existencial, da depressão, da impotência
contra a corrupção, da desilusão amorosa, da nossa fraqueza
diante da dor, da pecaminosa desigualdade social, de nossos
eventuais desinteresses na educação dos filhos, na falta total de
compaixão em relação ao próximo, onde impera a cobiça, a
inveja, o dinheiro.
UMA
SOCIEDADE DOENTE!
É
uma sociedade que mercantiliza tudo, na qual o que vale é o tênis
de marca, a roupa chic, os objetos tecnológicos mais caros, a
influência de uma cultura do cinismo,da desesperança da ausência
de solidariedade etc.
A psicóloga Devanir Prado acredita que é fundamental (matéria do jornal “A Tarde”, de Salvador, de autoria de Miriam Hermes) que é preciso que, na família e na escola, seja observado o comportamento dos jovens que têm tendência para a autodepreciação, dificuldades de entrosamento sentimento de frustração, baixa autoestima etc.
Muitos
sentem-se assim: na redes sociais, nas fotos postadas, todos parecem
superfelizes, risonhos e bonitos, e o jovem carente pensa: eles são
tão felizes e bonitos, e eu não.
Parece
psicologia de botequim, mas é verdade.
A psicóloga Brenda
Rocco relata que a baixa autoestima e problemas para se socializar
estão entre os efeitos causados pelo uso excessivo da internet por
jovens.
Ela confirma o que foi dito acima: “O que mais
encontramos no consultório são jovens com dificuldades sociais e
com a autoestima denegrida porque na internet todos parecem felizes
e dá a sensação de que todos realmente o são, menos eles”.
Divaldo
Franco – considerado o maior médium brasileiro e, para muitos, o
sucessor de Chico Xavier – escreve: (...)”Ao observar-se, porém,
a indiferença de muitos pais em relação à prole, a ausência de
educação condigna e os exemplos de edificação humana,
defronta-se inevitavelmente a deplorável situação em que
estertora a sociedade”(…).
No
Brasil, a taxa de suicídios cresceu mais de 40%c nos últimos dez
anos, entre pessoas na faixa etária de 15 a 29 anos.
Não
esqueçamos: a internet é a maior praça pública do mundo e, ali
também, trava-se um enorme combate entre o Bem e o Mal, a Justiça
e a Injustiça, o Ter e o Ser.
Os caminhos – já disseram –
foram feitos para caminhar. Soluções? Não tenho, e não acredito
em saídas facilitarias.
Em meus 72 anos de vida – mesmo
sofrendo na carne a crueldade de uma ditadura de 21 anos – poucas
vezes enxerguei um mundo tão violento, cruel, cínico e sem
esperança.
A
nós – é bíblico: a quem muito foi dado, muito será cobrado –
cabe a difícil tarefa de restaurar a esperança.
Parodiando
Albert Camus, gostaria de afirmar: cada geração comete seus
próprios erros.
Sem
autoglorificação, diria que a minha já cometeu muitos.
Mas
quer estar, até o final, na linha de batalha.
(Salvador,
abril de 2017)
*
Romancista, contista, novelista e poeta catarinense, residente em
Brasília, autor de livros como “Olhos azuis – ao sul do
efêmero”, “Cerrado desterro”, “Meus mortos caminham comigo
nos domingos de verão”, “Metônia” e “O homem que não
amava simpósios”, entre outros.
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