Aleluia
* Por
Francisco Simões
Aleluia
irmão, aleluia,
Procuras
lírios no asfalto
Que
o campo já regam com sangue,
Flutuas
no mangue com a morte
E
buscas na sorte das sobras
Entre
as cobras, larvas e ratos,
Distrato
da Natureza Divina,
Bolor
de mofina e aflição.
Aleluia
irmão, aleluia.
És
refém da farsa do amor,
És
ator sem palco nem papel,
Ouropel,
tragicômico lixo
Em
seu próprio nicho desterrado
Ignorado
pela vida, pelo mundo,
Poço
sem fundo de amargura,
Criatura,
estropício da Criação.
Aleluia
irmão, aleluia.
Na
fé esperas a igualdade
Mas
a verdade, em ti, prova a mentira
E
te retira o dízimo suado
Pelo
pecado original de estares vivo.
Nascido
gente, morrerás sonho
Inacabado,
medonho, triste,
Pois
não despiste a ilusão.
Aleluia
irmão, aleluia.
*
Jornalista,
poeta e escritor.
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