Pílulas literárias 237
* Por
Eduardo Oliveira Freire
INVERNO
Dias frios. Ele abre o
chuveiro, a água quente envolve seu corpo trêmulo. Sente um certo conforto. Mas
o vento que passa entre as brechas do basculante, as paredes e o piso não o faz
esquecer do inverno. Quer continuar a sentir a água quente, mas do chuveiro
elétrico começa a sair fumaça e cheiro de queimado. Fecha o chuveiro e o espera
esfriar. Depois abre um pouco, só assim que a água esquenta. Nos dias de
inverno, sempre faz a mesma coisa: é uma rotina...
QUERIA
Roberto queria só ser
substantivo, não queria ter adjetivo. Com o passar do tempo, morreu infeliz.
Descobriu que não tinha jeito. Era mais um substantivo que tinha adjetivo.
"NÃO SEI QUANDO ME PERDI"
Pensava sozinho.
Sempre estava só.
Os outro achavam que
era meio louco. "Sou só porque me abandonei. Esse é o pior tipo de
abandono".
Tempos idos. Olha à
rua; tenta procurar resquícios... Deseja dormir um sono tranqüilo. O vento
balança a mangueira, as mangas maduras caem no chão. Crianças correm pela vila.
Mais um dia que
sobrevive na casa antiga e cinzenta.
***
- AMA-ME OU ME DEIXE
Ele a deixou, mas
continuou a amá-la até o fim da vida.
FICADA
... Dois corpos se
tocam... um não conhece o outro, não conversam... só se beijam e se chupam...
acabou... separam-se... seguem suas vidas, um longe do outro.
***
*
Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante
a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/
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