terça-feira, 9 de agosto de 2016

Pílulas literárias 237


* Por Eduardo Oliveira Freire


INVERNO

Dias frios. Ele abre o chuveiro, a água quente envolve seu corpo trêmulo. Sente um certo conforto. Mas o vento que passa entre as brechas do basculante, as paredes e o piso não o faz esquecer do inverno. Quer continuar a sentir a água quente, mas do chuveiro elétrico começa a sair fumaça e cheiro de queimado. Fecha o chuveiro e o espera esfriar. Depois abre um pouco, só assim que a água esquenta. Nos dias de inverno, sempre faz a mesma coisa: é uma rotina...

 ***
QUERIA

Roberto queria só ser substantivo, não queria ter adjetivo. Com o passar do tempo, morreu infeliz. Descobriu que não tinha jeito. Era mais um substantivo que tinha adjetivo.

*** 
"NÃO SEI QUANDO ME PERDI"

Pensava sozinho. Sempre estava só.

Os outro achavam que era meio louco. "Sou só porque me abandonei. Esse é o pior tipo de abandono".

Tempos idos. Olha à rua; tenta procurar resquícios... Deseja dormir um sono tranqüilo. O vento balança a mangueira, as mangas maduras caem no chão. Crianças correm pela vila.

Mais um dia que sobrevive na casa antiga e cinzenta.

*** 
- AMA-ME OU ME DEIXE

Ele a deixou, mas continuou a amá-la até o fim da vida.

*** 
FICADA

... Dois corpos se tocam... um não conhece o outro, não conversam... só se beijam e se chupam... acabou... separam-se... seguem suas vidas, um longe do outro.

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* Formado em Ciências Sociais, especialização em Jornalismo cultural e aspirante a escritor - http://cronicas-ideias.blogspot.com.br/


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