Cores de poesia
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
Despeço-me da menina
na porteira. De cabeça baixa, dou-lhe às costas para evitar as lágrimas. Adianto
três passos sentindo sua respiração contida.
Aperto as mãos com
força, tenho muito mais medo do que ela. Sigo vacilante na esperança de ouvir o
barulho de seus tamanquinhos, mas somente o silêncio me abraça.
Olho as nuvens,
pequenos chumaços de algodão incrustados num céu de azul limpinho. Gavião voou
baixo aprisionando um roedor que incauto selou o seu destino.
Uma poeira vermelha
sobe a cada passo, mas cede a cada suspiro. A vida toma contornos nas nuances
de uma vicissitude implacável, de um dia a dia que nos arranca nacos da
esperança, mas que esbarra na alma de quem enxerga nos intervalos um mundo com
cores de poesia.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
Para quem pode ver, todos os momentos podem mostrar luz, cor e beleza.
ResponderExcluirNúbia, as suas poesias transmitem paz, luz e alegria de viver... Parabéns poetamiga!!!
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