O que ganhei com o tempo que perdi
* Por
Ruleandson do Carmo
Amor, ou você encontra
ou você é contra. Costuma ser assim. Principalmente naquele momento em que o
amor parece uma bela promessa, mas seus amores insistem em contradizer
esperanças. O telefone não toca, suas mensagens a paixões iniciais são
respondidas com um “Quem é?” e quando você liga uma gravação informa “A pessoa
que você ama não te ama ou não existe”. O sono não chega e não é o cansaço que
te incomoda, mas a perda da única chance de ter quem você ama ao seu lado,
sonhando. Você resolve seguir em frente, mas todas as pessoas rumam para o
mesmo destino, logo aquele que você já sabe que não é o seu. Você pensa em se
fazer sempre presente, mas assim as pessoas se cansam de você. Você considera
ficar mais distante para notarem sua ausência. Mas se alguém não acha que há
valor em te ter por que se importaria em te perder? O que você descobre o real
valor quando perde é dinheiro, não amores.
Quem não valoriza sua
presença não se importa com a sua ausência (ainda que você se importe). Caso
você se apaixone, você é carente. Caso você não se envolva, você é um canalha.
Se transar de cara, você é promíscuo e alguém que não vale a pena investir. Se
não transar na primeira vez, você é puritano, frio, chato. O que, então, as
pessoas querem afinal? O que nós queremos, então? Se tanta gente diz que busca
alguém, mas ninguém presta, não era para um dia esses que prestam e buscam quem
preste se encontrarem? Com quem estamos perdendo tempo para não vermos quem vai
fazer a gente ganhar o dia todos os
dias? Eu não sei. Mas sei o que ganhei com o tempo que perdi.
Das mensagens sem
resposta, ficou a coragem de dizer o que eu sentia. Do desprezo que me
ofereceram ficou não a dor por existirem pessoas cruéis, mas o esforço por
nunca ser igual. Do valor que não me deram, ficou a certeza de que devo
oferecer o melhor ainda que não mereçam. Das desilusões, ficou a vontade de um
dia oferecer sonhos a alguém. Das vezes que não deu certo, ficou a vontade de
tentar. Dos amores não correspondidos,
ficou a capacidade de amar. E em meio a isso tudo o que mantenho é a esperança.
Esperança e certeza de que vou ter que continuar tentando, é o que ganhei com o
tempo que perdi, vivendo de amores que morreram, esperando quem nunca esteve a
caminho. Anote aí: amar, ainda não inventaram outro jeito, a não ser tentar.
Amor, ou você encontra ou você se reencontra (e se reconstrói).
*
Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário