Da criação
* Por
Núbia Araujo Nonato do Amaral
Nascemos pela
misericórdia de um ato de amor ou na
maioria das vezes da casualidade onde
nos tornamos "acidentes". Crescemos na medida e atenção de um olhar mais generoso, cheio de cumplicidade ou
simplesmente atirados ao léu, nos espalhamos
que nem hera.
Driblamos os reveses
de uma adolescência complicada que nos atordoa, mas que diante de uma mão
atenciosa nos permite a preciosidade de um colo. Ou nos jogamos na vida e
confusos aviltamos nosso corpo, ávido de experiências, com abuso de drogas e promiscuidade.
Adultos nos
relacionamos atentos, íntegros, nos envolvemos em nome de sentimentos nobres
consolidando através de laços fortes uma
família ou nos aninhamos feito bichos que com garras afiadas consomem a
melhor parte da refeição deixando os restos para a cria que se arrasta sobre
seu próprio corpo, mas que busca através do olhar choroso, do desespero, o
amparo daquele que ruge e rumina e que às vezes se permite chamar pelo nome de
pai ou de mãe...
Conscientes ou não,
responsáveis ou não, a todos nós foi dada uma escolha, uma chance de
ultrapassar através de uma fome que sustenta a nossa essência, as interrogações
que ou confrontamos ou aninhamos em nome da covardia e da comodidade de quem
não ousa levantar sequer os olhos para enxergar além de si mesmo.
* Poetisa, contista, cronista e colunista do
Literário
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