terça-feira, 12 de maio de 2015

Você não precisa de inspiração. Você precisa de amigos

* Por Alexandre Vicente


Como deve acontecer com todo escritor, hoje eu tinha um prazo e nenhuma inspiração. Conversava com a amiga Carol Szabadkai através do In Box do Facebook, quando começamos a alar sobre nos autocorrigir. Pintou o tema da crônica.

Isso já aconteceu com você, não é? Tá rolando aquela troca de mensagens e na preça, digo, na pressa percebe que mandou “malz “ no português. Prá quem quer viver da escrita é uma péssima propaganda. “Pow, o cara se diz escritor e escreve errado?!”

Deveria existir a licença pressa. Em mensagens de texto do in box, WhatsApp, sms e similares deveriam ser previamente perdoados todos os erros gramaticais. Estas ferramentas pressupõem que você não teve tempo de rever o texto. O pior que nunca é um erro bobo. Ele fica ali piscando. Parece que assume a fonte em negrito e caixa alta 14, enquanto todo o resto está em tamanho 10. Você continua o papo, mas fica olhando para aquela aberração ortográfica. A essa altura você nem sabe o que tá rolando. Responde no automático, porque não consegue parar de se ver exposto, completamente num pesadelo em que Machado de Assis tranca a porta da ABL na sua cara. E ainda grita para você “Revertere ad locum tuum!”. Envergonhado você sai perambulando pela Avenida Presidente Wilson, enquanto todos apontam para seu pinto pequeno e riem aos cântaros.

O pior é o dilema: me corrijo ou deixo correr? Neste ponto a conversa já não tem mais nada a ver com o que foi dito e você decide mandar a palavra com a grafia correta:
“Concerto”
“Hein? Do que vc tá falando?”
“É que fui num concerto e não num conserto”
”Mas vc já disse isso!”
“Eu sei. É que escrevi concerto errado”
“Ahushuashua… Nem reparei. E pq vc tá perdendo tempo em concertar isso agora?”
”Consertar”
“É. Consertar. Concertar ou consertar”
”Consertar. Concerto.”
“?”
“Consertei a palavra concerto que escrevi conserto. Entendeu?”
“Não. Aiiiii… Vamu mudar de assunto? Você asistiu o vídeo do Porta dos Fundos?”

Dilema… Conserto ou concedo a licença pressa?

* Escritor e compositor


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