Duas
mulheres
* Por Talis
Andrade
O diadema te dá
uma aparência de madona
como nas
gravuras medievais
O diadema que
realça o louro dos teus cabelos
te empresta um
jeito de menina hippie
despreocupada e
descalça
A menina
conhece todos os caminhos
A madona fica
presa em casa
esperando
acordada
Tem de abrir a
porta
para a menina
andarilha
que vem ouvir
música pop
A madona fica
presa em casa
pensando nas
mil desculpas
que tem de dar
pela menina
nas mil
desculpas
que tem de dar
para a menina
Às vezes a madona
deseja
o tempo
corresse
matando a
menina
desde que
ficasse
no corpo da
menina
desde que
ficasse
com o corpo da
menina
A menina
desconfia da trama assassina
e dissimula o
medo
cantarolando
tangos e boleros
transbordantes
de nostalgia e cerveja
pondo a madona
em sossego
como uma gata
uma gata
ressonando
no predileto e
morno
recanto de uma
casa
(Do livro
“Romance do Emparedado”, Editora Livro Rápido – Olinda/PE).
* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e
Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes
jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal
do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem
11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem”
(Editora Livro Rápido).
Convívio explosivo, marcado por inveja.
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