sexta-feira, 21 de março de 2014

Poetas antigos

* Por Isabel Furini

Antigamente os poetas
eram como corvos:
paradoxais e taciturnos.
Eram como caminhos escuros e misteriosos,
constelações com estranhos augúrios,
montanhas e trovões na imensidão do mundo.

Antigamente os poetas eram silenciosos
como Gárgulas de pedra,
eram orgulhosos como os leões
e como os oceanos
- misteriosos e profundos.

Esses poetas antigos eram loucos e misteriosos e apaixonados
e rebeldes e misantropos e magníficos!

Loucos - loucos de amor pela poesia
construíam com a névoa do mundo subterrâneo
suas rimas loucas e intempestivas.
Alguns (como Estácio de Sá, Alfonsina Storni e Flor Espanca)
desafiaram com suas impressionantes vozes o tétrico rio Estígia
e a barca de Caronte
 –  tatuando nas areias do deserto
 a própria vida e a própria morte
com a serpente letal da poesia.

* Poetisa e professora


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