quinta-feira, 20 de março de 2014

Invernia

* Por Carmo Vasconcelos

Os versos travessos que lanças ao chão
Rolam em tapetes verde-seco
Buscando a ilusão de florescerem
Adubados de novos afetos

Mas são voláteis os adubos esperados
E as auroras alegremente ensolaradas
Que antes os germinavam de calor
Não irromperam neste Verão

Foram-se os climas certos e fiéis
E com eles migrou a ave devota
Que cantava ternamente a sementeira
Coberta agora de penas de asa rota 

Petrificou a água que os versos regaria
Letárgica nos sulcos abertos ao redor
Deixando a amarelar o verde-seco
Tapete inútil para um poeta em Invernia


* Poetisa portuguesa

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