domingo, 30 de março de 2014

Escolha certa

* Por Mateus Modesto


Tive medo. Não sei o que me deu, mas tive medo. Na verdade, não é medo. Eu apenas tinha receio de uma eventual resposta contrária à qual eu esperava. Porque pode haver. Por que não?

Eu pensei muito. Refleti bastante. Para ser sincero, o dia inteiro. Repensei, olhei por outros aspectos, supus uma possível reação negativa e como eu reagiria... eu estava preparado para tudo. Sempre estou preparado para tudo. Costumam dizer que eu estou sempre pronto. Eu rio de nervoso. Nem sempre estou pronto. Como ontem.

Cheguei cedo na casa de menina. De fulana. Esqueci o seu nome. Da minha namorada. Cheguei cedo... na verdade, cheguei tarde. Cheguei pouco antes do almoço. Por volta do meio-dia. Acredita que até agora eu ainda não compreendi direito a responsabilidade? E é muito grande, eu sei. Mas é uma sensação gostosa. Quando a vi com um sorriso no rosto, toda perfumada, arrumada, admirável, sabia que era a coisa certa. Sabia que queria aquilo. Eu a amo tanto. Mas imaginava que ela não quisesse.

Pensei, pensei e conversamos a respeito. Eu sabia que ela diria “não”, que mal nos conhecíamos. Um ano e meio é pouca coisa. Bom, depende do que seja. Mas em se tratando de relacionamento... se bem que nos dias de hoje, é pouco. Ao contrário, é muito. Vejo casais que terminam antes de começar. Interessante como o ser humano tem uma facilidade de trocar “um amor” por coisa alguma. “Tudo é lícito, mas nem tudo convém”.

Sem pensar muito, ela disse: “Sim”. Eu ponderei: “Não?”. Estava condicionado a ouvir “não” que nem atentei à resposta dela. “Eu disse sim”, retificou. Um sorriso apareceu no meu rosto. Um largo sorriso. Eu fiquei feliz. Para falar a verdade, ainda estou feliz. Contentíssimo. Bradando de alegria. Muitas pessoas talvez não entendam o meu desejo. Podem pensar que é precipitação, mas não. Desde que a conheci eu queria isso. Muito antes dela. E hoje vejo a oportunidade.

O alívio que eu tive foi enorme. Não a queria deixar. Ainda bem que vamos juntos. Espero ter feito a escolha certa. Eu fiz a escolha certa. Espanha é interessante, muito bonita, mas eu fico com o pacote para a Irlanda.

* Jornalista


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