terça-feira, 18 de março de 2014

Carnaval

* Por José Calvino      

O carnaval é a maior festa popular no Brasil. Antigamente durava quatro dias, antes da quarta-feira de Cinzas e era pacífico, as lanças só soltavam perfume, ao contrário de hoje em dia, quando o que se lança nas pessoas é a violência.  O  carnaval este ano (2014), por exemplo, começou aqui em Recife e em Olinda, com brigas, drogas...o ‘escambau’! Como foi citado na crônica de minha autoria: “Literatura & Carnaval”. No sábado de Zé Pereira, pela manhã, aconteceu uma surpresa agradável, a visita de Azambujanra. A surpresa estava estampada no seu rosto e em sua alegria, ao chegar, recitando:

Carnaval sem depressão

Carnaval festa popular
Muitos entram em depressão
Uns no abatimento moral
Outros no físico
Como sair dessa situação?
A cidade está para poesia
A boemia está para alegria
O religioso está para igreja
- Tudo em paz?
Neste frevo-canção
-Vamos dançar?
De repente...
Dança depressão.

(Feito no Maracatu Barco Virado, RecifeOlinda – Carnaval 2008).

Então, resolvemos brincar o carnaval, até porque o meu amigo sonhou relembrando que os princípios democráticos em qualquer nação livre baseiam-se no senso de justiça de todas as instituições de governo, entre as quais deve existir o respeito mútuo. Quando publiquei o meu terceiro livro, “O Cristo Mulato”, p.33 – ed. 1982, ele não agradou, é claro, nem ao governo militar, nem à igreja. Nele, eu mencionava: “(...) Se o povo soubesse a força que tem, ah! Só bastaria a metade daquele povo que acompanha o Clube de Máscaras Galo da Madrugada, que sai do Recife nos carnavais arrebanhando uma multidão incalculável, para se rebelar com este desgoverno...”    

Azambujanra acha que o sonho foi motivado pelo que foi publicado no referido livro e no comentário da doutora Dilma Carrasqueira:

“Ei, pessoal, vem moçada!

O Clube de Máscaras Galo da Madrugada, que desfila pelas ruas do Recife todos os anos (no sábado de Zé Pereira), este ano foi ‘Galo Armorial’, com o tema ‘Frevo no Auto do Reino de Ariano’, baseado no bobo da corte, aquele que divertia a corte, mas ao mesmo tempo a criticava.”

Então, fomos assistir o povão alegre, acompanhando o Galo,  registrado no “Guinness Book” há 20 anos como a maior agremiação carnavalesca do planeta. O Galo da Madrugada reúne cerca de 1,5 milhão de pessoas (sic), saindo do Forte das Cinco Pontas pelas ruas do Recife. Cadê as máscaras, gente?

Finalmente, carnaval tranqüilo? Quase 600 ônibus foram depredados por vândalos durante o Carnaval. Assisti algumas vítimas da violência sem o chamado “Socorro de Urgência”. Uma moça levou uma cotovelada no rosto e pararam uma viatura da Polícia, que não prestou socorro sob alegação de que este é um serviço do SAMU! E a lei que trata da perturbação sonora, que estabelece o limite de  não superior a 80 decibéis?, os mal educados acham que sendo Carnaval, pode!!! Cadê as autoridades?

Foto 1  – O autor, no Galo com a sambista Janayna Barbosa – Carnaval 2014.
Foto 2 – O autor, no Morro da Conceição, com Mayara dos Santos. A mulata tem samba no pé e brilhou na passarela. Foi coroada este ano  rainha de bateria da Galeria do Ritmo - Carnaval 2014.
Foto 3 – O autor, com a foliã Malena,  na quadra da Praça D. Odete Gomes de Almeida do  Morro da Conceição. Carnaval 2014.

Obs: As fotos foram tiradas por Sandra Kelly (Ninha) e Janayna Barbosa, ambas da comunidade forte  como a do Morro da Conceição. Mais fotos no Fiteiro Cultural-http://josecalvino.blogspot.com/
*Escritor, poeta e teatrólogo pernambucano. Blog Fiteiro Cultural – http://josecalvino.blogspot.com/



Nenhum comentário:

Postar um comentário