Quimérico
* Por
Eduardo Oliveira Freire
Helena era fã de uma série de
filmes, que contava a história de um jovem ancestral vampiro. Mesmo casada os
revia sempre.
Um dia, teve um sonho que fazia
amor com o imortal. Foi intenso e se sentiu culpada, pois respeitava o marido .
Meses depois, descobriu que estava grávida. A gestação foi diferente de seus
outros filhos. Tinha desejo de comer coisa viva e quase matou com os dentes o
passarinho, animal de estimação dos filhos.
Quando o neném nasceu, o desejo
passou, mas a criança era estranha ao passar dos anos. Parecia mais esperta que
os outros. Além de ter fixação por sangue.
O marido olhava desconfiado para
Helena. O menino era completamente diferente dele e dos irmãos. Já, Helena
fazia de tudo para provar sua inocência.
O garoto era muito parecido com o
ator dos filmes. Helena nem se lembrava de seu nome. Outro dia, encontrou-o
fazendo papel de um pai de família numa série para televisão. Já estava bem
coroa.
O tempo foi passando e o filho
mais novo de Helena se apartava ainda mais da família e na escola. Parecia uma
assombração. Ela e o esposo o levaram para vários médicos e nenhum conseguiu
entender a anemia que ele tinha.
Um dia, ele falou para Helena: -
Mamãe, vou desaparecer.
Ela viu o filho se dissipar no
ar. Chorou muito. As autoridades nunca encontraram o menino.
Anos depois...
Helena assiste na tevê A Rosa Púrpura do Cairo em que o personagem sai da tela do cinema e vai ao encontro de uma espectadora sonhadora. Sente uma identificação com a história. Recordou-se de sonho e de seu filho.
* Eduardo Oliveira
Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense,
com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a
escritor
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