terça-feira, 11 de junho de 2013

Quimérico

* Por Eduardo Oliveira Freire

Helena era fã de uma série de filmes, que contava a história de um jovem ancestral vampiro. Mesmo casada os revia sempre.

Um dia, teve um sonho que fazia amor com o imortal. Foi intenso e se sentiu culpada, pois respeitava o marido . Meses depois, descobriu que estava grávida. A gestação foi diferente de seus outros filhos. Tinha desejo de comer coisa viva e quase matou com os dentes o passarinho, animal de estimação dos filhos.

Quando o neném nasceu, o desejo passou, mas a criança era estranha ao passar dos anos. Parecia mais esperta que os outros. Além de ter fixação por sangue.

O marido olhava desconfiado para Helena. O menino era completamente diferente dele e dos irmãos. Já, Helena fazia de tudo para provar sua inocência.

O garoto era muito parecido com o ator dos filmes. Helena nem se lembrava de seu nome. Outro dia, encontrou-o fazendo papel de um pai de família numa série para televisão. Já estava bem coroa.

O tempo foi passando e o filho mais novo de Helena se apartava ainda mais da família e na escola. Parecia uma assombração. Ela e o esposo o levaram para vários médicos e nenhum conseguiu entender a anemia que ele tinha.

Um dia, ele falou para Helena: - Mamãe, vou desaparecer.
Ela viu o filho se dissipar no ar. Chorou muito. As autoridades nunca encontraram o menino.

Anos depois...

Helena assiste na tevê A Rosa Púrpura do Cairo em que o personagem sai da tela do cinema e vai ao encontro de uma espectadora sonhadora. Sente uma identificação com a história. Recordou-se de sonho e de seu filho.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor


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