quarta-feira, 12 de junho de 2013

Clamor de revolta

* Por Anair Weirich

Todos que conhecem o trabalho do meu marido - que representa Autores Catarinenses - e o meu, sabem do quanto nos doemos pelos escritores da terra. O mesmo não acontece com aqueles que fazem aquisição para as escolas publicas, tipo as Secretarias de Educação de SC e Federal. As compras são de panelinha, escritores puxa saco deles – ou imortais, o que não é justo, já que tem tanto autor de talento por aí, bem vivinho, esperando uma oportunidade, - e só compram de quem eles bem entendem, quando é do interesse deles, não fazem uma pesquisa sequer sobre quem é quem no cenário da literatura.

Há bem pouco tempo o governo do estado de SC – mandato de Luiz Henrique - adquiriu pra mais de um milhão e quinhentos mil reais de um único autor, sendo que a maioria das escolas devolveu o tal livro porque tinha muito palavrão. Mas era um autor de nome conhecido e com livro premiado, né...

E a lei COCALI, que apoia a aquisição de livros de autores da terra, só ficou no papel. Adquirem sim, mas sem o critério do talento do autor e da justiça. Tenho sido testemunha disso, quando visito escolas Estaduais e Municipais. Só por um milagre a gente chegar numa prefeitura e alguém dizer que compraram de autores da terra.

Os mercenários da literatura aí estão, vendendo o que a mídia produz, nenhum se preocupa com o que a terra produz. Eles – os mercenários – não querem ter trabalho de dizer que livro e que autor eles vendem, só querem vender o que é mais fácil. O mesmo acontece com quem faz as compras, querem o que a mídia produziu.

Assim, nunca um autor como Miguel Russowsky, por exemplo, que é o sonetista mais premiado da língua portuguesa - de Joaçaba SC - terá chance. Ao Sesc de Floripa, por exemplo, enviamos uma lista de autores da terra e o setor de licitação, depois de meses de espera, - e porque eu entrei em contato pela enésima vez - me disse que havia escolhido alguns títulos nossos para aquisição.

Agora fiquei sabendo que compraram mais de 2.000 títulos, e a tansa aqui, - e principalmente meu marido, que elaborou a lista, - que se deu ao trabalho de elaborar uma lista, ficou a ver navios. Muito obrigada, Sesc, pelo baita valor que dá a quem batalha por um lugar ao sol para os autores que aqui estão, escondidos em gavetas e armários... muito obrigada, Secretarias de Estado de SC e Federal, por lembrarem que a gente existe – kkkk! Acho que nem formando uma cooperativa de autores, essa gente toma conhecimento do nosso trabalho, que é duro, suado, enfrentando estrada, pagando hotel, alimentação e condução!
    
     · Escritora de Chapecó/SC


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