Clamor de revolta
* Por
Anair Weirich
Todos que conhecem o
trabalho do meu marido - que representa Autores Catarinenses - e o meu, sabem
do quanto nos doemos pelos escritores da terra. O mesmo não acontece com
aqueles que fazem aquisição para as escolas publicas, tipo as Secretarias de
Educação de SC e Federal. As compras são de panelinha, escritores puxa saco
deles – ou imortais, o que não é justo, já que tem tanto autor de talento por
aí, bem vivinho, esperando uma oportunidade, - e só compram de quem eles bem
entendem, quando é do interesse deles, não fazem uma pesquisa sequer sobre quem
é quem no cenário da literatura.
Há bem pouco tempo o
governo do estado de SC – mandato de Luiz Henrique - adquiriu pra mais de um
milhão e quinhentos mil reais de um único autor, sendo que a maioria das escolas
devolveu o tal livro porque tinha muito palavrão. Mas era um autor de nome
conhecido e com livro premiado, né...
E a lei COCALI, que
apoia a aquisição de livros de autores da terra, só ficou no papel. Adquirem
sim, mas sem o critério do talento do autor e da justiça. Tenho sido testemunha
disso, quando visito escolas Estaduais e Municipais. Só por um milagre a gente
chegar numa prefeitura e alguém dizer que compraram de autores da terra.
Os mercenários da
literatura aí estão, vendendo o que a mídia produz, nenhum se preocupa com o
que a terra produz. Eles – os mercenários – não querem ter trabalho de dizer
que livro e que autor eles vendem, só querem vender o que é mais fácil. O mesmo
acontece com quem faz as compras, querem o que a mídia produziu.
Assim, nunca um autor
como Miguel Russowsky, por exemplo, que é o sonetista mais premiado da língua
portuguesa - de Joaçaba SC - terá chance. Ao Sesc de Floripa, por exemplo,
enviamos uma lista de autores da terra e o setor de licitação, depois de meses
de espera, - e porque eu entrei em contato pela enésima vez - me disse que
havia escolhido alguns títulos nossos para aquisição.
Agora fiquei sabendo
que compraram mais de 2.000 títulos, e a tansa aqui, - e principalmente meu
marido, que elaborou a lista, - que se deu ao trabalho de elaborar uma lista,
ficou a ver navios. Muito obrigada, Sesc, pelo baita valor que dá a quem
batalha por um lugar ao sol para os autores que aqui estão, escondidos em
gavetas e armários... muito obrigada, Secretarias de Estado de SC e Federal,
por lembrarem que a gente existe – kkkk! Acho que nem formando uma cooperativa
de autores, essa gente toma conhecimento do nosso trabalho, que é duro, suado,
enfrentando estrada, pagando hotel, alimentação e condução!
· Escritora de Chapecó/SC
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