Pílulas literárias 171
* Por
Eduardo Oliveira Freire
EM NOITES FRIAS E ESCURAS
A
morta-viva cantava uma bela canção, que atraía os vivos e eram atacados por um
bando de zumbis. Ela não percebia nada, estava longe em seu mundo vivendo a
liberdade plena.
***
ESSÊNCIA VERDADEIRA
- Doutora... Já estou muito tempo
fazendo essas sessões, mas há um segredo que nunca revelei a ninguém. É que
nunca gostei do meu corpo... Não gosto de ser homem, mas não me sinto "
bicha". Em sonhos, transporto-me para uma ilha. Eu era uma jovem delicada
e havia uma mulher que sempre estava comigo. Era bela e uma sensível poetisa.
Ficávamos juntas no imenso mar recitando poesias, nadando e se tocando. Ela era
minha mestra-mãe-irmã-amiga-amante. Será que ela é só fruto da minha
imaginação? Por que estamos separadas? Doutora! O que está fazendo... Dou...
Ela se levanta e
vai ao divã, onde está Firmino e o beija. O homem se vê transformar na jovem
através do espelho, que havia no consultório. Amaram-se e choraram de
felicidade. A busca incessante havia terminado.
***
O PRETERIDO
Triste
por não ser amado se joga no mar. Dias depois, encontraram seu corpo numa
praia. A mãe ao receber a notícia, pensou: “ Coitado, nem o mar o quis.”
***
COINCIDÊNCIA
Encontraram-se
quando foram com amigos em comum ao cinema. Anos depois, separaram-se e ao
verem na televisão o filme, o qual assistiram no dia que se conheceram,
consideraram uma triste coincidência.
***
EXISTIR
- Eu existo, tenho uma identidade.
- Não tenho nada disso, mas existo.
- Legalmente, você não é nada.
- Como? Estou aqui! Estou falando
contigo!
- Não interessa! Para mim, você não
existe. Bem... só é uma lagartixa.
- Viu como existo e
não preciso de nenhum documento.
***
A VIZINHA
Nunca
troquei uma palavra com ela. Mas, adorava quando ouvia aquelas músicas
tranquilas que me faziam viajar.
Em muitas
ocasiões, encontrava-a lendo no ônibus e procurava anotar rapidamente o título
do livro. Seguia-a e consequentemente descobri um mundo novo, repleto de bons
restaurantes, livrarias, cinemas, bibliotecas e museus.
Um dia,
mudou-se e nunca mais a vi. Gostaria de ter tido oportunidade de agradecê-la
por tudo.
* Eduardo Oliveira
Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense,
com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a
escritor
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