sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um poeta do Cretáceo no Distrito Federal

* Por Paulo Bertran

Um dinossauro montou banca de camelô
na rodoviária de Brasília.
Em horas de fastio
come ônibus da linha de Samambaia.

         Um ninho de megatérios
ocupou a esplanada dos ministérios,
para geral agrado dos funcionários,
parceiros da preguiça gigante.
O serviço público existe
para o feito de todos os mais desistirem.

Na Taguatinga persistem os mitos
Do Arqueopterix, já assim idoso,
Mendigando entre a praça do Bicalho
e o largo do Relógio.

Mas é no Gama
que agora afama o Velociraptor.
Três vítimas fatais em uma semana.
Todo o tempo equipes da polícia
estão no encalço, para lhe cobrar
multas de trânsito e o imposto sobre assaltos.

Vivendo assim é que escapamos da pré-história.
Três Tiranossauros, em três dias,
consomem Brasília inteira.
A única solução é seu novo desadvento.

* Poeta e historiador goiano, autor do livro “Sertão do campo aberto”, Verano Editora



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